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Sexta-feira, 27/6/2008
Digestivo nº 370

Julio Daio Borges

>>> PODSEMFIO, DA GAROTA SEM FIO Rompendo com a tradição majoritariamente masculina de dominar a tecnologia, Beatriz Kunze vem se consagrando como uma das mais interessantes vozes a falar de dispositivos móveis no blog Garota Sem Fio e no podcast PodSemFio, direto de Curitiba. Originalmente paulistana, com ascendência alemã, Bia Kunze se formou em Odontologia, em 1997, mas sua paixão por internet e sobretudo por tecnologia móvel, aliada a uma facilidade de comunicação que a levou ao Jornalismo, fez seu hobby despontar e se tornar quase que sua principal ocupação hoje. Efetivamente conectada como poucas pessoas no Brasil, Bia faz questão de atualizar o podcast e o blog sempre "on-the-go", produzindo, além de textos e áudios, fotos para o Flickr, vídeos para o YouTube e posts para o Twitter. Que Bia consiga se manter atualizada em essas e outras tecnologias — em que é early adopter — já é um feito admirável, mas que ela ainda consiga reportar esse fato, com a competência de virtualmente nenhuma outra jornalista (da grande mídia, inclusive), merece todo o reconhecimento que ultimamente tem recebido. Enquanto as velhas redações patinam entre obedecer aos editores, às assessorias e aos anunciantes, Bia Kunze dá notícias quentíssimas sobre o smartphone mais recente, passa dicas de produtividade pessoal e até presta, praticamente, consultoria, também para a rede CBN, seu site e seus programas de rádio. E, enquanto os estudantes de jornalismo aprendem a diagramar com tesoura e cola (ainda), e se formam para um mercado que não mais existe, Bia já foi até Londres, a convite de uma marca de celular, registrar suas impressões, porque é, atualmente, uma formadora de opinião. Que o exemplo de empreendedorismo da Garota Sem Fio se consagre mais ainda e que estimule outras jornalistas (ou wannabes) a vencer no universo dominantemente masculino da tecnologia.
>>> PodSemFio | Garota Sem Fio
 
>>> DESCONHECIDOS, DE DIONISIO NETO Numa pacata quinta-feira à noite, na sala menor do Sesc Consolação, ninguém espera encontrar Otávio Frias Filho quase à paisana — mas é o herdeiro da Folha de S. Paulo que encontra, se for assistir a Desconhecidos, peça de Dionisio Neto. Estrelada pelo próprio autor e apresentando Simona Queiroz, o texto usa de metalinguagem para alternar um dilema de paternidade (e virilidade) com a história (principal) de um serial killer. Carregando elogios de Antunes Filho e trilha sonora original de Arrigo Barnabé, o espetáculo tem quase todas as credenciais para ser considerado imperdível, mas talvez exagere na duração e no desejo extremo de chocar o espectador. Simona encarna, na parte principal, Catirina, uma aeromoça que acaba de ser despedida. Nessa experiência-limite, são interessantes suas reflexões sobre o mercado de trabalho, sobre o casamento e sobre um viver aparentemente sem sentido. Já pelo seu lado, Dionisio encarna Cristino dos Anjos Neto, um inicialmente simplório personagem da metrópole, que, numa transformação, domina o palco com violência, subjugando a atriz em cena. Embora o tema do serial killer, tão presente no cinema e na crônica policial contemporânea, tenha um forte apelo junto ao público, a impressão que fica é que o espetáculo não precisava ter chegado às vias de fato — soando, inclusive, mais convincente na primeira porção, "existencialista", dos questionamentos, da falta de perspectivas. Desconhecidos vale pelos diálogos, entre a ameaça e o riso, e, também, pelas performances, entre elaboradas e viscerais. É verdade que o espectador chega, ao teatro, ainda aturdido pela televisão, mas a internet está ajudando a desanuviar sua mente — e não precisamos, a fim de "despertá-lo", assustá-lo ainda mais...
>>> Desconhecidos (Entrevista...)
 
>>> TRIO WANDERER, NA HEBRAICA 2008 Com a dissolução da temporada de concertos do BankBoston — por conta da venda da instituição, no Brasil — depois temporada de concertos Itaú Personnalité (igualmente dissolvida), a cidade de São Paulo ficou órfã de uma série mais focada em música de câmara, de pequenos grupos e não só de grandes orquestras (onde o Mozarteum Brasileiro e a Cultura Artística reinam absolutos). Talvez pensando nisso — ou simplesmente retomando sua tradição de iniciativas nessa área —, a Hebraica lançou seus Concertos Internacionais 2008. Abrindo com Regis e Bruno Pasquier, em maio, trouxe, agora em junho, o Trio Wanderer, da França. Vincent Coq, ao piano, Jean-Marc Phillips Varjabédian, ao violino, e Raphael Pidoux, ao violoncelo, começaram a noite com o atualmente revalorizado Haydn, e seu Trio Hob. XV:14 em lá bemol maior, seguiram com o célebre Trio "Fantasma" em ré maior op. 70 nš 1, de Beethoven, e fecharam com o às vezes esquecido Mendelssohn, e seu Trio nš 1 em ré menor op. 49. Misturando precisão com bastante técnica, o Trio Wanderer deu uma bela idéia das ambições desta nova temporada da Hebraica. Ainda neste mês, recebemos o Quarteto de Cordas da Filarmônica de Israel, em julho a Accademia Bizantina (com instrumentos de época), o inesquecível contratenor Daniel Taylor (em outubro) e, ainda, o exímio violinista Shlomo Mintz (em novembro), entre outras atrações. Contrabalançando a programação de música geralmente concentrada no centro da cidade (com alguns respiros no Teatro Alfa e no Parque do Ibirapuera), esta iniciativa tem todos os predicados para se firmar como uma alternativa à sempre elogiada temporada do BankBoston. Que ela se consolide e recoloque a Hebraica em posição de destaque novamente na nossa cena musical.
Achim Liebold
>>> Concertos Internacionais Hebraica
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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