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Sexta-feira, 28/11/2008
Digestivo nº 391

Julio Daio Borges

>>> 80 (MELHORES) BLOGS NA ÉPOCA Os blogs, em novembro, parece que estão em todo lugar. Primeiro na Economist, agora na Época. É verdade que a semanal da Globo já havia feito a primeira matéria, séria (diferente da Veja), sobre a blogosfera brasileira, em agosto de 2006. Foi, inclusive, uma reportagem premonitória, ao destacar Alexandre Inagaki, Edney Souza e deixar sugerido que eles tinham um projeto ambicioso em comum... O Interney Blogs, o primeiro portal brasileiro, sério, de blogs, que foi anunciado em fevereiro de 2007. Inagaki e Edney, mais do que muitos outros (antes e depois deles), mudaram a maneira como os blogs passaram a ser encarados no Brasil. Basicamente despertaram o mercado publicitário brasileiro para essa nova ferramenta, reforçando o conceito de "mídia social" em setores tão diferentes quanto o de bancos, o de imóveis e o de eletrodomésticos. A Web 2.0, que no País ensaiava seus primeiros passos desde 2005, finalmente desembarcou na internet BR e, combinada à inclusão digital da chamada classe C, provocou um verdadeiro boom na blogosfera tupiniquim em 2008. O resultado, de certa forma, transparece na seleção recente da revista Época. Os primeiros blogueiros em português luso-brasileiro foram praticamente varridos do mainstream dos posts: Nemo Nox, Mario AV, Sergio Faria, Wagner Martins e até Cris Dias (!), entre outros, que fizeram a glória dos blogs durante anos, simplesmente não constam. Em seu lugar, claro, um bando de arrivistas do mainstream jornalístico e, mais do que isso, uma enxurrada de blogs com poucos anos, ou mesmo meses, de existência. Valeu por atualizar os dinossauros leitores da blogosfera pré-Twitter, mas é preciso cuidado para não embarcar na nova bolha blogueira — afinal, com a crise do subprime, que já atinge a publicidade na internet, e os VCs nos EUA, é provável que muito do que é, hoje, sólido se desmanche, amanhã, no ar. A blogosfera frenética, a dos hormônios, pode até fazer muito barulho agora, mas são os veteranos, sobreviventes de uma outra bolha, que têm lições para passar.
>>> Os blogs nacionais que você não pode perder
 
>>> SEX AND THE CITY, O FILME Antigamente eram os homens que não entendiam as mulheres, que se disputavam por elas, que sonhavam com elas, idealmente. Existe algo de muito estranho num mundo em que as mulheres disputam os homens a tapa, semanalmente, na TV. E esse é o mundo de Sex and the City. Um mundo que choca o homem médio, que não se sentia tão valorizado, assim de repente, que sempre ansiou por ouvir as conversas de banheiro (mas não imaginava que fossem isso), e que, para sua eterna surpresa, passa a ser mercadoria, no limite, "homem-objeto". Existe algo de profundamente falso no único homem que protagonista o filme Sex in the City, ele é um "homem-troféu", na embalagem, aparentemente, perfeito, mas, como o próprio roteiro revela, oco, cobertura de bolo sem recheio, covarde, pusilânime, um títere, a antítese da masculinidade, enfim. Mas, para o choque da audiência masculina (100%), é ele quem a protagonista escolhe, no final... Não há com o que se revoltar, porém — as mulheres-protagonistas, inclusive as das nossas revistas, vão continuar se estapeando por um marido, por uma gravidez, ou por algo que lhes devolva... a feminilidade perdida. Jabor chamou-as, anos antes, de "mulheres-liquidificador", porque, de tanta plástica, e de tanto silicone (botox não havia ainda), eram como ciborgues intimidadores, que afugentavam os homens, em vez de atrai-los... Deformaram sua aparência, deturparam seus princípios, depois ficam chorando de incompreensão, pelos cantos... A oferta de sexo (do título) aumentou, é certo, mas, quando os relacionamentos se transformam num verdadeiro duelo, quem quer sobreviver a essas mulheres-testosterona?
>>> Sex and the City
 
>>> SOU, DE MARCELO CAMELO, AO VIVO Marcelo Camelo tocou "Pois é", "Os Barcos" e "Além do que se vê", sim, do Los Hermanos, quando passou por São Paulo, na turnê de Sou, seu álbum solo. Foram momentos de animação, da platéia cantando junto, no meio de um show, como o disco, bastante introspectivo. O Citibank Hall (ex-Palace) nem parecia o mesmo da turnê de 4 (2005), quando o Los Hermanos passou pela cidade e havia uma pequena multidão se acotovelando, de pé, para ouvir o rock brasileiro dos ex-alunos de comunicação da PUC-Rio. Como o próprio Marcelo Camelo previu, em entrevistas, o público do Los Hermanos não migrou, em conjunto, para sua carreira solo, para a proposta estética de Sou. O show, em si, reforçou o aspecto demo tape do último trabalho — afinal, as mesmas canções da ex-banda de Camelo soaram incompletas, na nova roupagem, mesmo que acompanhadas do Hurtmold, o atual "coletivo" ao lado do músico. Marcelo ainda relatou, aos jornalistas, que uma das composições de Sou sofreu uma tentativa de adaptação para o derradeiro 4, mas não funcionou — o que deixou a assistência imaginado o que aconteceria se Sou, ou parte dele, tivesse sido adaptado por Amarante, Medina e Barba (e Kassin)... soaria diferente, como disco? É naturalmente ociosa a especulação, porque, neste mesmo instante, o Little Joy, de Amarante, acaba de lançar seu primeiro clipe no YouTube, e, pelo clima de fraternidade entre os membros, e pelo à-vontade com que manejam o inglês, planejam ser felizes para sempre e, nesse ínterim, conquistar o globo. Entre um flerte acústico (criticado) com Sandy, e um factóide amoroso com Mallu Magalhães, Camelo vai, de ninfa em ninfa, redescobrindo o violão, na via oposta da tecnologia que andou elogiando. Como líder do Los Hermanos, ele estava com tudo, mas, cantando agora pra dentro, em casa meio vazia, no contexto de uma indústria fonográfica falida (já antes da crise), ele pode não ter mais os astros sempre a seu favor...
>>> Marcelo Camelo
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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