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Sexta-feira, 5/12/2008
Digestivo nº 392

Julio Daio Borges

>>> O BLOG DA LIVRARIA CULTURA Seguindo uma tendência que sempre a colocou à frente de outras livrarias em matéria de tecnologia — desde a primeira livraria tradicional a acontecer no e-commerce —, a Livraria Cultura resolveu entrar de cabeça nas mídias sociais e inaugurou seu blog. Não é, na realidade, uma seção dentro do site principal, mas uma nova URL, utilizando a ferramenta de um dos blogs que mais crescem na Web atualmente, o Update or Die. Repetindo a bem-sucedida fórmula de blog coletivo, com dezenas de colaboradores, o da Cultura mistura, na mesma página, funcionários das lojas em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Recife e Brasília — numa única comunidade on-line. Logo é possível ler desde as estratégias dos diretores Sergio e Fabio Herz, para a marca e para o futuro da rede, até as preferências culturais de profissionais das mais diversas hierarquias, desde o responsável pelas entregas (que tem blog próprio) até membros variados da administração. Desde que revolucionou o conceito de megastore no Brasil, a Livraria Cultura, em todas as suas unidades, se converteu em pólo cultural, com uma programação vastíssima, muito além das noites de autógrafo — o que justifica o blog plenamente; afinal, como centro cultural que efetivamente se tornou, a Livraria Cultura dá lugar a manifestações culturais quase que naturalmente, e merecia reportá-las à altura. A ação, hoje, não acontece apenas nos grandes centros de antes, e a mídia tradicional não tem mais condição de acompanhar tudo — logo, a Cultura, mais uma vez, mostra o caminho para as livrarias do futuro, através de seu blog na internet.
>>> Blog da Cultura
 
>>> STONES SCORSESE SHINE A LIGHT Keith Richards declara — no livro de entrevistas da Rolling Stone — que Mick Jagger vai sempre dormir tendo de saber, antes, tudo o que vai fazer no dia seguinte, enquanto que ele, Richards, vai deitar sem nem saber se vai, efetivamente, haver amanhã. A obsessão de Jagger por planejamento, muito provavelmente, explica a longevidade dos Stones. Shine a Light, o show-documentário de Martin Scorsese, pisa, inclusive, na tecla da aposentadoria dos sexagenários roqueiros e repete, antologicamente, a pergunta (e as respostas) que não quer(em) calar há décadas: "Até quando???". Até quando eu puder cantar, replica Jagger; até quando eu conseguir ficar de pé, poderia replicar Richards. As resenhas mornas, da época da estréia no cinema, tiveram sua razão de ser — é "mais um" show dos Stones, como eles vêm fazendo desde os anos 60, mas continua imperdível para fãs (aliás, como desde os 1960s). Tirando o choque inicial de ver os velhinhos saltitando desde "Jumpin' Jack Flash", acabamos nos acostumando com o inusitado da cena e seguimos melhor a partir da quarta música, "All Down the Line". Jack White não faz feio em "Loving Cup" e Christina Aguilera, por sua vez, não consegue escapar dos encontrões de vovô Jagger em "Live with Me". O grande momento, de sinceridade, fica por conta de Buddy Guy, o ídolo de Hendrix, tocando Muddy Waters com eles. Também Richards, pra lá e pra cá com seu casaco de pele, em "You Got the Silver". Os Stones não vão reinventar a roda, e nem querem, mas continuam "performando" contra todas as expectativas.
>>> Shine a Light
 
>>> ELIZABETH — A ERA DE OURO Cate Blanchett vai começar a entrar para aquela lista de atores cujos filmes assistimos só por causa de sua presença na tela. A continuação do elogiado Elizabeth, de 1998, não foi unânime, mas também não merece o total esquecimento de nossa parte. Durante a estréia na Inglaterra, a grita aconteceu porque Elizabeth — A Era de Ouro aparentemente desrespeita a História em nome do melodrama. Além da guerra contra a Espanha do rei Felipe II, em pleno tempo da Inquisição, tem lugar um triângulo amoroso entre a rainha, um pirata (Clive Owen) e uma de suas damas de companhia (Abbie Cornish). A rainha, a essa altura do campeonato, se tornou uma mulher fria e distante, o pirata aparece para reacender suas paixões de mulher, mas só quem pode consumá-las, literalmente, é a dama de companhia. Em paralelo, o sempre corretíssimo Geoffrey Rush serve de conselheiro na batalha, quando o país parece se dividir, irreversivelmente, entre católicos e protestantes. Shekhar Kapur, o diretor, nega veementemente que tenha querido criticar, subliminarmente, o fundamentalismo cristão da era Bush, mas assume que o personagem encarnado por Blanchett prega a "tolerância". As implicações políticas contemporâneas e a má vontade por conta da distorção da História podem passar uma idéia errônea sobre esse Elizabeth — A Era de Ouro, afinal, no meio da profusão de filmes sobre losers, o longa de Kapur prega, para o nosso alívio, o heroísmo — que, Nietzsche acreditava, havíamos perdido desde os gregos... A Inglaterra, hoje, depende de um acerto ou outro de Gordon Brown, enquanto vê os empregos em Londres se dissiparem por conta da crise financeira, mas teve, até recentemente, seus momentos de grande potência. Elizabeth — A Era de Ouro refresca a nossa memória a esse respeito.
>>> Elizabeth — A Era de Ouro
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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