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Segunda-feira, 8/8/2005
Tempo risoluto

Julio Daio Borges




Digestivo nº 239 >>> Quando você vai ver o maior quarteto de cordas do mundo tocando no Teatro Alfa? Se você não viu o Artemis, pela Temporada 2005 do Mozarteum Brasileiro, em julho, não vai ver nunca mais (a não ser que o Mozarteum traga de novo). Quem perdeu os quartetos de Beethoven, no dia 11, já se contorceu de raiva, quando viu o programa do dia 12 e ficou imaginando, em retrospecto, o que teria sido o dia anterior... Eles tocaram, do mestre de Bonn, o nº 6, opus 18, em si maior, o opus 95, em fá menor, Quartetto Serioso, e o nº 1, opus 59, em fá maior. Se você não foi, só pode agora conjecturar. E se você foi, eu não preciso nem falar (deixo você com Beethoven...). No outro dia, reinaram Mendelssohn, Piazzolla e Schumann. Para consolo de quem perdeu Beethoven (e que consolo!). E para surpresa geral, o melhor momento foi Piazzolla. Piazzolla, que na mão de instrumentistas virtuosísticos tende a ser chato, soou vivaz, divertido, passional. A platéia se encantava com aqueles três homens (e aquela mulher) enormes, 100% germânicos na constituição física (o Artemis Quartett é de Lübech), golpeando seus instrumentos com o arco, sugerindo a marcação do tango, na Suite del Angel. Por um instante, era possível fechar os olhos e evocar Paco de Lucia e seu conjunto, em algum ponto perdido dos anos 90, e do ex-Palace, e do ex-Directv Hall... O ciclo se fechou. A Europa cruzando o Atlântico, absorvendo milongas, e voltando. Aplausos a cada movimento (apesar da sugestão de proibição) e aplausos de pé no final. Os músicos suaram. E trocaram de cadeira. E trocaram de lugar. Vai ver que esse “nervosismo” tão saudável fez a crítica exclamar que suas gravações beethovenianas, tão jovens, já fossem obras de referência. E que fez o lendário pianista Leif Ove Andsnes (ausência sentida em 2004) acompanhá-los.
>>> Mozarteum Brasileiro
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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