Segunda-feira,
21/11/2005
Fidelio
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 254 >>>
Dias antes de morrer, Beethoven se ocupava dos últimos quartetos em que revolucionaria, como sempre, a forma, e podia ser visto passeando com a cabeça cheia de idéias. Uma mente em ebulição, que só parou quando caiu doente, e para sempre, de cama. Beethoven teria gostado de 2005 no Brasil, em que sua biografia, por Lewis Lockwood, se consagraria desde o ano anterior; e em que o Mozarteum Brasileiro encerraria sua Temporada com a Bamberger Symphoniker e a sua Oitava Sinfonia (aquela em que, dizem, ele apelou, no último movimento, para o aplauso do público. Esse Beethoven...). Também com Brahms, seu discípulo para Paulo Francis, retrô , e o respectivo Concerto para piano nΊ 2, interpretado por ninguém menos que Rudolf Buchbinder. Sim, o incansável, e fiel, executor (testamenteiro?) das sonatas completas do mestre de Bonn. No intervalo entre a Oitava de Ludwig Van (como diria Kubrick) e o Concerto de Brahms por Buchbinder, a ansiedade era tamanha que, na Sala São Paulo, nem compensava sair para tomar um cafezinho. Satisfação era ver o piano retumbante surgindo no palco (aquele mesmo com que, no filme, Nelson Freire implicou; até aí, até Yamandú já implicou, na mesma Sala, com seu próprio violão...). Buchbinder não implicou (e nem o regente, Jonathan Nott); e vê-lo, novamente, em tão pouco tempo, foi um presente digno das grandes temporadas no exterior. E em 2006, o Mozarteum já anuncia, no embalo da Bamberger, a Sinfônica de Köln, o Coro Giuseppe Verdi, a Sinfônica da Rádio de Frankfurt, Gidon Kremer (remember 2004), e mais uma vez, para ninguém dizer que não teve chance Rudolf Buchbinder com a Orquestra de Câmara de Zurique. Entre outros. Ludwig Van que, em 2005-2006, não ouviria nem mais um pio mas que teria marcado o tempo, com os olhos acederia em concordância. Eyes wide shut, não precisaria de senha para adentrar no banquete de melômanos (como a mesma Orquestra do Estado de São Paulo comprovou).
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Julio Daio Borges
Editor |
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