Sexta-feira,
10/2/2006
75 Kg de músculos e fúria
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 265 >>>
Quem deu a melhor definição de Tarso de Castro foi Ruy Castro, em Ela é Carioca, seu livro de perfis sobre personalidades de Ipanema. Segundo o biógrafo de Carmen Miranda, Tarso de Castro não descendia dos macacos, como nós: Tarso descendia dos cavalos – e cavalgava em cima de que estivesse perto, amigos, mulheres, crianças, não importava. “Grosso e finíssimo”, definiu o autor de telenovelas Mario Prata, que trabalhou com Tarso em uma de suas últimas investidas jornalísticas. Pois Tarso de Castro está de volta, em biografia de Tom Cardoso, pela editora Planeta, e está vendendo mais que o esperado (talvez puxado pelas memórias de Danuza Leão – ambos os livros têm como ponto de contato o sugerido affair entre os dois nomes). Tarso de Castro, além de jornalista, além de alcoólatra, era um conquistador inveterado que veio de Porto Alegre e que fez o Rio de Janeiro (Ipanema, para ser mais exato – por isso a sua presença no livro do Ruy). E por isso a sua invenção do Pasquim. Numa das críticas de Caetano Veloso ao mais heróico representante da imprensa nanica, no auge da ditadura e da censura, ele definiu O Pasquim como “muito Ipanema”, “muito Tarso de Castro”. Mas dadas as “cavalgadas” do mesmo Tarso em cima de outras pessoas, sua reputação nunca foi das mais ilibadas, no jornalismo e fora dele. Assim, a biografia de Tom Cardoso – uma completa novidade para as gerações atuais (já que Tarso, dos seus contemporâneos vivos, nunca merece menção) – está mais para o perfil do que para a biografia propriamente dita. O cadáver é relativamente recente e os ânimos ainda estão um pouco exaltados para a pesquisa profunda de uma personalidade tão rica e variada (para o bem e para o mal). O volume de Tom não é definitivo, é até repetitivo em alguns pontos, mas revolve um terreno que parecia abandonado – e isso o torna, hoje, obrigatório, para jornalistas e interessados no jornalismo da década de 60 pra cá.
>>> Tarso de Castro - Tom Cardoso - Planeta - 280 págs.
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Julio Daio Borges
Editor |
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