Segunda-feira,
20/3/2006
Fiebre de Tu Mente
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 271 >>>
Quando os podcasts brasileiros mal estavam começando, uma voz feminina fazia emissões sonoras direto do Rio e profetizava o nascimento do projeto Mim. O podcast parece que foi abandonado em 2005, mas continuou, em CD, o Mim, pela Lua Music. A voz divertida e sensual, por trás do podcast e do disco, é de Mariana Eva, uma boca vermelha, de dentes brancos, tez rosada e cabelo bem preto. Como raramente acontece, na internet, a imagem corresponde à dona da voz. O Mim faz um rock bem gravado com inserções hispano-americanas. Logo na primeira faixa, a “Intro”, a personagem de Eva diz ter um “grande secreto” (um grande segredo) – e a primeira cena que vem à mente é a de um Almodóvar ou até a de um Bigas Luna (muito por causa de interjeição, ou seria question tag?, “eh”). Mas Eva e o Mim obviamente se inspiram, ainda, no classic rock argentino de um Fito Paez (mais pop) ou de um Charly Garcia (mais na linha da lenda viva suicida). Cinematograficamente falando, para dar continuação à metáfora, evocamos agora a nova safra do cine portenho, dos anos 90 pra cá, cuja estrela maior é Ricardo Darín. O Mim absorve também, claro, influências eletrônicas, como em “Hoje”, onde é possível ouvir melhor a voz de Eva e apreciar suas letras (ela compõe quase todas): “Não falo mais o que dizia/ Não penso mais o que fazia/ Não entendo vc”. Eu mim meu, o álbum, não é uma obra-prima de originalidade avassaladora, mas tem o agradável cheio do novo, pois dialoga inteligentemente com as novas mídias. Que, com o sucesso do Mim, o podcast de Mariana Eva ressuscite.
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Julio Daio Borges
Editor |
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