Quarta-feira,
3/5/2006
O Conselheiro também come (e bebe)
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 277 >>>
Oswaldo Porchat, catedrático da USP, tira os óculos e coça a cabeça para comentar a influência do estruturalismo na Faculdade de Filosofia. Foram os franceses, como Lévi-Strauss, que fundaram a Universidade de São Paulo; e foi a FFLCH que começou a Cidade Universitária. O que Porchat não poderia imaginar é que, em Higienópolis, a algumas quadras do célebre prédio da Maria Antônia, alguém, gastronomicamente falando, está celebrando o casamento entre o Brasil e a França. É na Mercearia do Francês, esquina da Pará com a Itacolomi. O francês em questão é Steven Kerlo, de pouco mais de 30 anos, com passagens pela École Hôteliere de Lausanne, e cujo sócio, Marcelo Fernandes, participou, com Alex Atala, do D.O.M. Mercearia porque eles queriam um conceito amplo: de restaurante, de padaria, de café, de bistrô... Em princípio, pode parecer estranho, mas a proposta fecha, entre a decoração despojada, onde “cada um cria a sua própria história”, entre o Viaduto do Chá e a Tour Eiffel (by Pavel Hovacek). Os pratos (e as bebidas) são mais ousados na proposta: entre saladas e crepes; entre a carta de vinhos e a caipirinha com lima da Pérsia; entre o bolinho de mandioca com carne seca e o pastel frito, recheado com brie e tomate seco. Kerlo, le français en question, está comemorando lotação esgotada às quintas e sextas-feiras. Mas nada que desanime a clientela: são, no máximo, dez minutos de espera. Do meio-dia à meia-noite, todos os dias. No dia das mães, inclusive, tem pacote fechado, com magret de pato, purê de mandioquinha, tarte tatin, entre outras opções. Para desespero do professor Porchat, a invasão francesa continua no Brasil... Mas Steven Kerlo, e sua Mercearia, estão mostrando que nem só de Olivier Anquier vive a gastronomia paulistana.
>>> Mercearia do Francês
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Julio Daio Borges
Editor |
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