Segunda-feira,
5/6/2006
My Favorite Things
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 282 >>>
Will Eisner é uma referência presente para a geração que cresceu lendo “quadrinhos adultos” no Brasil, a partir dos anos 80. Sua morte foi sentida. Então é significativo, pelo menos para essa geração, que Felipe Hirsch – um diretor conceituado da cena teatral brasileira – tenha decidido por adaptar Will Eisner para o reino da dramaturgia brasuca, quando podia muito bem tê-lo feito em inglês. Avenida Dropsie, que foi um sucesso de crítica em 2005, voltou para uma curtíssima temporada de despedida, agora em 2006, no Teatro Alfa Real. E a sua maior qualidade é, sem dúvida, ter feito essa transposição da tirinha para o palco, dando uma nova dimensão a Will Eisner. Desde a trilha sonora, que abre com um John Coltrane rasgado – num volume ao qual não se pode permanecer indiferente –, até a produção cenográfica, passando pelos figurinos e pela construção de personagens. Avenida Dropsie, nos palcos daqui, emula uma Nova York de HQ, mas, como já se disse (e vale repetir), universaliza tipos e situações comuns a qualquer metrópole. São seqüências inteiramente adaptadas das (ou inspiradas nas) histórias originais de Eisner. O único pecado talvez seja a longa duração, mas deve ter parecido aos realizadores tão difícil fazer uma “poda” que preferiram arriscar o conjunto todo. A platéia, neste retorno, é sobretudo de “gente de teatro” (no melhor sentido da expressão), mas merecia igualmente uma ovação do público.
>>> Avenida Dropsie - Teatro Alfa
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Julio Daio Borges
Editor |
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