Segunda-feira,
24/7/2006
Poco più animato
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 289 >>>
Não faz muito tempo: já havíamos visto Marie Luise Neunecker se apresentando no Brasil. Foi à frente da Bamberger Symphoniker, em plena Sala São Paulo, executando o Concerto nº 2 para trompa, de Strauss, pela Temporada 2003 do Mozarteum Brasileiro. Foi uma solista que entrou, fez rigorosamente sua participação e saiu. Não pudemos observá-la de perto, nem, muito menos, senti-la em seus movimentos e sua respiração. Felizmente ela voltou agora, pela Temporada 2006 dos Concertos BankBoston, e pudemos estudá-la mais detalhadamente. Marie Luise continua aquela concertista alemã rija, desta vez acompanhada pela igualmente firme pianista Silke Avenhaus e pela violinista Antje Weithaas. Com seu instrumento reluzente, executou o moderno Koechlin, aluno de Fauré, um ótimo Schumann e um, inesperadamente “jazzístico”, Ravel (com um movimento de “blues” no meio). Esteve impressionante, porém, depois do intervalo, executando o Lamento d’Orfeo para trompa e piano, de Kirchner. (Orfeu e Eurídice estão em alta, em 2006, nas salas de concertos: pelos Concertos BankBoston, Daniel Taylor abriu a série até relatando a história do mito; e, pelo Mozarteum, a ária da respectiva ópera de Glück mereceu apoio da Orquestra Filarmônica de Câmara de Freiburg.) E Marie Luise Neunecker fechou belamente com Brahms – que não foi exatamente um revolucionário em vida, mas que é um mestre das formas bem trabalhadas (que não hesitava em jogar fora o que estivesse aquém de seu conceito) – e que deixa, ao fim de um concerto, sempre uma boa impressão. Marie Luise, fora o fato de ser a precisão em pessoa, esteve mais solta em 2006. Que volte outras vezes, para soltar-se ainda mais.
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Julio Daio Borges
Editor |
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