Quinta-feira,
31/8/2006
Paladares alterados
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 294 >>>
De todos os revivals dos anos 80, talvez o retorno da Bizz seja, editorialmente falando, o melhor deles. Bizz e, não, Showbizz (aquela versão mais decadente dos anos 90). Ninguém botava muita fé na ressurreição de gente como Alex Antunes (que fez suas aparições na revista Zero, uma das “crias” da Bizz nos anos 2000) e nem na restauração de um formato que dificilmente compete, em agilidade, com uma infinidade de blogs, ezines e até sites musicais. De todas as iniciativas da editora Abril de se comunicar com leitores da internet, talvez a Bizz seja a mais inteligente: fala com o internauta de igual pra igual, não soa paternalista e nem se mete a pautar o que é “moderno”. Mesmo tratando de temas atualíssimos que domina tanto quanto qualquer pessoa, a Bizz tem feito um belo uso de seu arquivo (e do seu background) de tantos anos. Então, por exemplo: seu dossiê sobre Pink Floyd, passado e futuro pós-Live 8, é um dos mais completos disponíveis em português. Claro que duas décadas de jornalismo rock exercem uma força gravitacional que, algumas vezes, distorce a realidade das coisas: por exemplo, quem se interessa por Queen hoje? E por “Bohemian Rapsody” (quando a MTV morre aos poucos)? E, na crise dos CDs, nada como resenhar, também, DVDs. E, na crise do rádio (as crises sempre são em maior número), nada como discutir, seriamente, os podcasts. Dado o ocaso das gravadoras, a pressão dos grandes artistas arrefece, a revista pode respirar um pouco, apostar em novos nomes e abandonar aquelas discussões bizantinas de antes: “Para onde vai o pop? Qual o futuro do pop? O que é pop hoje?”. A Bizz de 2006 parece proclamar: “O pop morreu. Viva o pop!”. Amém.
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Julio Daio Borges
Editor |
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