Segunda-feira,
1/1/2007
Literatura em 2006
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 310 >>>
2006 foi brindado com dois bons lançamentos de dois dos nossos maiores contistas vivos: Dalton Trevisan, com Macho Não Ganha Flor, e Rubem Fonseca, com Ela e outras mulheres – ambos com mais de 80 hoje. Já do alto de seus 90 e poucos, Vinicius de Moraes insistiu em dar o ar da graça em 2006: em DVD, em inédito sobre Neruda e até em pocket book. Aliás, esse foi o formato do ano, com a entrada da Companhia das Letras na briga (editou Pessoa, entre outros), depois com a José Olympio (que editou até cartas de Campos de Carvalho) e com a Hedra (entre outras). Philip Roth – vale sempre frisar: um dos maiores escritores norte-americanos vivos – mereceu até lançamento em pocket, via Companhia de Bolso (que acaba de editar seu Adeus, Columbus; na realidade, sua estréia, com tradução do infalível Paulo Henriques Britto). De Roth, tivemos, também em 2006, O animal agonizante. Ainda pela Companhia, Thomas Bernhard continuou fazendo barulho, com o relançamento do seu Náufrago. Já no reino dos autores novos, Daniel Galera teve sua consagração com Mãos de Cavalo – inclusive é a aposta de Milton Hatoum para o prêmio Portugal Telecom de 2007 (o de 2006 foi vencido pelo mesmo Milton, que ainda levou o Jabuti pelo romance Cinzas do Norte). Daniel Piza faturou o Jabuti de biografia, pelo seu Machado, e Ruy Castro, biógrafo invencível, por Carmen. Ruy, não contente, compareceu com mais dois lançamentos em 2006: um volume sobre cinema e outro sobre a bossa-nova no Rio de hoje (esse pela Casa da Palavra). (Daniel, ainda, com um volume sobre o arquiteto Isay Weinfeld.) E o jornalismo continuou dominando as estantes, sobretudo o “literário” – conforme previsão de Matinas Suzuki Jr., na Casa do Saber – com, pelo menos, mais quatro títulos de George Orwell neste ano (Dentro da Baleia, Na pior em Paris e Londres, Lutando na Espanha e Literatura e Política). Fora o Oscar para Capote. García Márquez teve toda a sua obra jornalística lançada por aqui, enquanto que a Alfaguara desembarcou no País e Adolfo Bioy Casares tornou públicos os comentários literários de seu amigo Jorge Luis Borges. Em 2006, a Flip continuou agitando a cena e Bia Corrêa do Lago lançou, em DVD, algumas das conversas que teve em Parati... Não foi talvez a melhor comemoração para Grande Sertão: Veredas, mas, com essas sementes, 2007 promete.
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Julio Daio Borges
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