Quarta-feira,
14/3/2007
Porteñaría
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 320 >>>
É; cada vez mais, os argentinófilos estão podendo sair de seus esconderijos, no Brasil, e celebrar seu gosto pelo país vizinho. Afinal de contas, em São Paulo, às vezes é mais vergonhoso, e perigoso, torcer pela Argentina do que falar bem do Rio. Uma torcida organizada – e ferozmente “do contra” – se levanta quase sempre para sufocar qualquer demonstração de apreço, simpatia ou mesmo boa vontade. Recentemente, a Orquestra Típica Fernández Fierro (OTFF) esteve se apresentando no Auditório Ibirapuera abarrotado e, agora, é a vez do De Puro Guapos. Com liderança do bandoneonista argentino Martín Mirol, a “Orquestra Típica de Tango”, com todos os demais músicos do Brasil, completou sete anos de atividades desde 1999, com shows aqui e ali e, mais importante, com um CD gravado ao vivo em 2005 (lançado no ano passado), no Espaço Chachuera. Mauricio Berú, argentino, presidente da Academia Brasileira do Tango, reclamou um pouco, no encarte, do repertório “guardaviejero” (tradução: de velha guarda), apoiado em peças dos anos 40, mas, para argentinófilos brasileiros, não poderia cair melhor. O disco é quase clássico com gente como Cárdenas (“9 de Julio”) e Piazzolla, muito Piazzolla (quase metade dos registros: “Milonga Del Ángel”, “Tango Del Ángel”, “Libertango”, “Adiós Nonino” e “Zum”). E é clássico, também, na execução e na interpretação, fidelíssima e sem muita firula. Para quem acabou de ver os “roqueiros” da OTFF, De Puro Guapos funciona como um contraponto interessante. Tudo bem que continuamos não podendo sair na rua e declarar nosso amor à Argentina, em alto e bom som, mas, nos limites do toca-CDs e dessas apresentações “en vivo”, podemos escancarar nossas preferências sem sermos perseguidos depois.
>>> De Puro Guapos Ao Vivo
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Julio Daio Borges
Editor |
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