Quarta-feira,
25/4/2007
Homem Voa?
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 326 >>>
Os cem anos do vôo do 14 Bis, em 2006, até que foram bem comemorados, por exemplo, com exposição de Guto Lacaz e com álbum de Spacca. A televisão também incluiu Santos Dumont, via Cássio Scapin, numa minissérie em 2004, mas apenas para ressaltar os aspectos sentimentais que serviam ao folhetim (e, não, ao inventor em si). 14 Bis, de André Ristum, o média-metragem que estreou no ano passado e que a Log On solta agora em DVD, é, portanto, uma bela homenagem, em matéria de sétima arte, ao Pai da Aviação, ao seu grande invento e ao primeiro vôo, plastica e triunfalmente reconstituído. O Santos Dumont de Daniel Oliveira desde Cazuza roubando o lugar de darling do cinema nacional (que antes era de Matheus Nachtergaele) perde em ambigüidade sexual (coisa que o Dumont de Scapin reforçou) e ganha, intelectualmente, em brilho e obstinação. Afinal, no meio do turbilhão em que alguns outros disputavam a primazia de voar com algo mais pesado do que o ar, Santos Dumont venceu tanto pelo gênio quanto pela pertinácia. Como em todo média-metragem que se preze, o resto é paisagem. Desde desfrutáveis como Rosanne Mulholland até o playboy sem sal Rico Mansur, que fazem pontas na vitória de San-tôs. O 14 Bis, propriamente dito, se não foi remontado, e reconstruído milimetricamente (ao ponto até de voar!), foi quase. E Lacaz tem razão em insistir, há tempos, no Santos Dumont designer: no filme, o mesmo 14 Bis é uma peça de beleza e delicadeza (além do mais). Para completar, fica um resto de emoção, junto com a brevidade desse 14 Bis em película: infelizmente, aquele momento não vai se repetir para nós, mas, agora, assistindo, podemos comemorar à nossa maneira nem que seja a mais de um século de distância...
>>> 14 Bis
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Julio Daio Borges
Editor |
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