Quarta-feira,
18/7/2007
Tokyo String Quartet, na Sala São Paulo
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 336 >>>
Norman Lebrecht resolveu ser uma espécie de Diogo Mainardi da música clássica. E, nas páginas amarelas de Veja, veio falar mal de Mozart, cujo 250º aniversário se comemorou no ano passado. A impressão que se tem, na perspectiva da História da Música, é a de que os polemistas vêm e vão – os consensos e os rankings, também –, mas só os mestres continuam. Lebrecht, por exemplo, compara Mozart a Haydn, afirmando que o último foi mais original do que o primeiro, pois este “apenas” herdou as formas prontas (e “pouco” as desenvolveu)... Se pensarmos em Beethoven, o sucessor mais proeminente dos dois, não consta que ele tenha estudado, com menos rigor, as obras de Mozart... Aliás, Beethoven venerava, outro exemplo, Haendel – que não chega a ser exatamente popular na nossa época... Controvérsias à parte, quem foi aos concertos do Tokyo String Quartet, pela Temporada 2007 do Mozarteum Brasileiro, pôde comparar os dois mestres – na abertura das duas noites em que o ensemble se apresentou, na Sala São Paulo. De Haydn, o “inventor da forma”, tivemos justamente o Quarteto nº1 em si maior; e de Mozart, o “diluidor”, tivemos o Quarteto em sol maior. Para os estudiosos dessa formação – a propósito –, foram duas oportunidades e tanto; porque, além da delicada precisão do conjunto (o que até contrastava um pouco com a monumentalidade da Sala), tivemos um panorama desde o mestre de Bonn, Beethoven (Quarteto nº10 em mi bemol maior e Quarteto em fá maior), até dois “grandes” entre os séculos XIX e XX, Debussy (Quarteto em sol menor) e Tchaikovski (Quarteto nº3 em mi bemol menor). Ainda que os “clássicos” tenham mais apelo, os “modernos” causam mais espanto – com Beethoven fazendo a transição, e os séculos ainda resplandecem para todos.
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Julio Daio Borges
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