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Segunda-feira, 27/8/2007
A Pantera Cor de Rosa, com Steve Martin

Julio Daio Borges




Digestivo nº 342 >>> Parece que quando o cinema não está morrendo, então está se matando. O que será do velho mainstream também em matéria de sétima arte? É uma constatação possível depois de assistir ao recente remake de A Pantera Cor de Rosa, com Steve Martin no papel principal. Na falta de boas idéias, e no medo crescente de errar, o cinema igualmente aposta no óbvio ululante – quantas vezes já não vimos esse filme? –, com um elenco de nomes conhecidos e, às vezes, até uma rising star. Esse Pantera Cor de Rosa não acrescenta nada aos episódios clássicos com Peter Sellers e Blake Edwards. Na verdade, é tão gratuito e fraco nas piadas que faz pensar se a antiga série não era também uma grande bobagem (tão sem graça e estúpida quanto o episódio atual). No fundo, o penúltimo remake, com Roberto Benigni (como o filho do Inspetor Clouseau), Blake Edwards e Claudia Cardinale, tinha um quê de homenagem a Sellers (efetivamente um grande ator), mas não revitalizava o personagem, nem abria novas possibilidades. O que em Benigni era perdoável pela ingenuidade, em Jean Reno é passável, em Kevin Kline é grave e em Martin é bastante condenável. Beyoncé nem deve ser contabilizada – porque na linha “modelo-e-atriz” (e cantora) apenas está fazendo o que lhe foi ensinado. Infantil poderia ser um adjetivo adequado à atual Pantera Cor de Rosa, mas seria, indiscutivelmente, uma ofensa a essa faixa etária – porque o humor pastelão deixou faz tempo os desenhos animados, para que esses adquirissem um caráter de crítica social (Os Simpsons), quando não existencial de fato (South Park). Sem falar nas superproduções em animação, que concentram mais inteligência por pixel quadrado do que uma seqüência inteira da nova Pantera Cor de Rosa... As locadoras deveriam recolher e pular essa fase em que o cinemão entrou em crise de identidade.
>>> A Pantera Cor de Rosa
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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