Quarta-feira,
12/9/2007
1972, o filme
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 344 >>>
Ana Maria Bahiana vinha anunciando de boca cheia seu longa com José Emílio Rondeau – e, realmente, 1972 é uma beleza de filme. Agora como corajosos empreendedores da sétima arte, os dois transformam em película aquela época do Rio em que rock e jornalismo podiam compor todo um estilo de vida. 1972 é, por afinidades eletivas, aparentado de Quase Famosos, de Cameron Crowe – onde o próprio diretor, quando garoto, galga os degraus da crítica de música rock, enquanto embarca no sonho de se tornar amigo de seu ídolo e descobrir o amor. 1972 conserva o mesmo clima idílico, mas parte, naturalmente, das vivências da própria Ana Maria, que participou da mítica redação da primeira Rolling Stone brasuca (com Ezequiel Neves no comando), para onde o leitor José Emílio escrevia insistentemente enviando sugestões... Na história de 1972, Júlia quer ser jornalista e cobrir rock, enquanto que Snoopy quer simplesmente “acontecer” com sua banda, o Vide Bula. O destino os aproxima e é bom para eles, unindo Zona Norte e Zona Sul, temperando com o desejo de liberdade e, ao mesmo tempo, a ditadura militar. Embora dê uma aula de música brasileira na trilha sonora, 1972 não traz à baila “teses” novas, não pretende passar a História do Brasil a limpo, nem resgatar um grande personagem esquecido... 1972 mostra – como Quase Famosos – que, apesar de guerras, ditaduras, terrorismo ou censura, era possível amar e ser feliz, acreditar num ideal e viver uma história de sonho. Nenhuma juventude consegue ser perfeita sem um pouco disso tudo.
>>> 1972
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Julio Daio Borges
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