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Segunda-feira, 21/1/2008
Deus não é Grande, de Christopher Hitchens

Julio Daio Borges




Digestivo nº 351 >>> Aparentemente, se Richard Dawkins deu a resposta científica para a morte definitiva de Deus, e para o fim das religiões, Christopher Hitchens poderia ter feito o mesmo em termos ensaísticos ou humanísticos ― mas não é exatamente o que acontece. Embora possua um apuro de linguagem maior que o de Dawkins (que é biólogo evolucionista), Hitchens acaba um pouco implicante, por causa da sua sanha de polemista, e, demasiadamente preso à prática do jornalismo (é colunista de Época), dialoga pouco com a tradição iluminista ― e, ainda que afirme ter escrito esse livro durante toda a vida, não lega uma obra exatamente para a posteridade. Na melhor tradição de Oscar Wilde, porém, Hitchens produz frases e trechos de grande efeito ("a religião envenena tudo", por exemplo) e sabe selecionar boas citações (como a de Voltaire, afirmando que os "milagres" são de um época em que não se sabia nem ler nem escrever direito...). Além disso, fulmina como ninguém o Corão e a religião muçulmana (Dawkins, por não dominar o tema, prefere apontar os absurdos da Bíblia). Aparentemente (de novo), Hitchens complementa Dawkins, mas, por causa de sua verborragia, a leitura de seus capítulos é penosa (ele não é um cientista, como Dawkins) e, volta e meia, o assunto se perde em tergiversações sobre política internacional (a especialidade do polemista-autor). Ainda não surgiu, portanto, uma grande obra, neste século, que continue a tradição anticlerical dos humanistas até Nietzsche ― e a mais próxima continua sendo Deus, um Delírio, de Dawkins. Hitchens tem muita energia para brigar, é divertido e até inspirador, mas Deus não é Grande tampouco é o livro de sua vida.
>>> Deus não é Grande
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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