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Sexta-feira, 25/1/2008
Que Falta ele Faz!, de Elizabeth Lorenzotti

Julio Daio Borges




Digestivo nº 351 >>> Que Falta ele Faz!, o título do estudo de Elizabeth Lorenzotti, que virou livro pela Imprensa Oficial, tanto poderia se referir ao extinto Suplemento Literário d'O Estado de S. Paulo quanto poderia se referir a Décio de Almeida Prado. Uma vez que o "suplemento" continua aí, metamorfoseado no caderno "Cultura", do Estadão, enquanto que não parece haver, na paisagem contemporânea, um crítico do calibre de Décio de Almeida Prado. Além dos jornais terem decaído (claro), nas últimas décadas, a velocidade da indústria vitimou a reflexão (é preciso "dar", mais do que "dar bem"), os próprios críticos se perderam na floresta de lançamentos (raramente se especializando ou criando estofo) e os mesmos autores, apesar de publicar cada vez mais (ou talvez até por isso), podem cada vez menos (em matéria de divulgação e de realização literária também). O trabalho minucioso de Elizabeth Lorenzotti serve para mostrar, à nova geração, que já foi diferente, que a literatura já foi menos presa aos lançamentos (pautando-os ― e, não, o contrário) e que os críticos, mais do que apontar os defeitos (afinal, a produção contemporânea é defeituosa mesmo), já tiveram um papel formador ― já que estamos falando da geração de Antonio Candido. Aliás, não parece haver a menor possibilidade, hoje, de um editor de revista independente, como foi a Clima (de Candido), ser chamado pela família Mesquita para ajudar a "melhorar" o jornal. Com tiragens diminuindo ano a ano, os jornalistas, paradoxalmente, andam cada dia mais convencidos ― cegos para uma realidade (a internet) que os está devorando... Mas essa é outra discussão. O fato é que Décio de Almeida Prado vale por toda uma fauna de críticos de jornal. E o livro se justifica pela rememoração.
>>> Que Falta ele Faz!
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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