Segunda-feira,
31/3/2008
Ó do Borogodó interpreta Altamiro Carrilho
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 361 >>>
O Ó do Borogodó, para quem não sabe, é um bar que fica atrás do Cemitério São Paulo (Cardeal Arcoverde com Henrique Schaumann). Conhecido por sua animação, apesar da vizinhança quietíssima, deu à luz o grupo de mesmo nome, o também Ó do Borogodó, que acaba de soltar um CD em homenagem a Altamiro Carrilho, pela Lua Music. Formado por Alexandre Ribeiro (clarinete e clarone), Ildo Silva (cavaquinho), Lula Gama (violão) e Roberta Valente (percussão), o Ó do Borogodó pende mais para o chorinho, mas tem uma versatilidade que permite se sair igualmente bem em outros ritmos brasileiros ("Baião na Síria", "Esquerdinha na Gafieira" e "Bem Brasil", todas de Carrilho, é óbvio, confirmam). Lembranças de Pixinguinha, evidentemente, e de Villa-Lobos, não tão evidentemente, vêm à tona quando o grupo diminui a marcha do virtuosismo, como em "Atraente", "Carioquinhas do Choro" e "Lyra" (a "Rosa" de Altamiro Carrilho). O próprio compositor, alegremente, dá o ar da graça em "Não resta a menor dúvida", um chorinho com "paradas", uma espécie de fuga e o cromatismo saudável do gênero e de uma quase fantasia. E quando se imaginava que a aventura iria se encerrar apenas no instrumental, a voz de Verônica Ferriani surge, acompanhada por Léo Rodrigues (tamborim) e Cebola (tantã). Numa letra, aparentemente, pré-bossa-novista, evoca temas contemporâneos mas através de palavras nem tanto: "ingratidão", "perdão", "solidão"... Nada falta nesse Ó do Borogodó, se até o acordeom (de Bombarda) marca presença na forrozeira "Gracioso". Entre tantos discos indecisos, este tem começo, meio e fim — o que, às vezes, é um alívio.
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Julio Daio Borges
Editor |
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