Quarta-feira,
9/7/2008
Zeca Pagodinho ― Samba, Alegria e Amigos
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 372 >>>
Zeca Pagodinho, que era quase uma unanimidade no início dos anos 2000, andou meio queimado como pivô da briga entre marcas de cerveja e tentou refazer sua imagem do Acústico MTV em diante. Agora, recebe uma homenagem da revista Seleções, que lança a coletânea, em quatro CDs, Zeca Pagodinho — Samba, Alegria e Amigos. Coletâneas são, em geral, oportunistas, parciais, caça-níqueis em desacordo com os próprios artistas, mas, neste caso, Pagodinho foi abençoado. Provavelmente nada falta e pouca coisa sobra. No primeiro CD, Deixa a vida me levar, o de hits, estão: "Vai vadiar", a faixa título, "Faixa amarela", "Maneco Telecoteco", entre outras. Do segundo, Amigos de verdade, uma espécie de duets (à imagem de Sinatra, quem diria), constam: "Bagaço da laranja", com Jovelina Pérola Negra, "Judia de mim", com Sandra de Sá, e "Com que roupa", com Caetano Veloso (que, claro, discursa). Descobri que te amo demais!, o terceiro, abre com "Iaiá", segue com "Vê se me erra", "Samba pras moças" e outras pérolas. Você sabe o que é caviar?, o derradeiro e mais diluído, engata com "Jura" e outros louvores mais heterodoxos a espécimes como "a sogra". Zeca Pagodinho não é nenhum crooner, mas teve mérito como intérprete, na seleção de repertório, e conseqüentemente de compositores, a ponto de manter viva a chama do samba. Se, depois, se embriagou com a fama, confundindo os rótulos das garrafas que tomava, deixou o legado dessa coletânea, que pode ser apreciado até por seus detratores. O samba teve filósofos como Noel Rosa, prodígios como o jovem Chico Buarque de Hollanda e poetas existencialistas como Vinícius de Moraes. Pagodinho, talvez não tão brilhante, soube conduzir esse estandarte, popularizando televisivamente a tradição, mas mantendo-a ainda interessante, perene, e brejeira. Uma mensagem que a coletânea da Seleções soube habilmente captar.
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Julio Daio Borges
Editor |
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