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Sexta-feira, 8/8/2008
Sangue Negro, com Daniel Day-Lewis

Julio Daio Borges




Digestivo nº 376 >>> Chamado de obra-prima pra cima, Sangue Negro (um bom título para o filme, mas não uma boa tradução para There Will Be Blood, 2007) é uma história sobre a ganância, quando o único limite é o fim da vida. Construir um império é construir algo contra a mediocridade reinante? É construir apesar dos obstáculos, apesar da ignorância, apesar da crendice, acumulando ódio e desconfiança no caminho? É passar, primeiro, por cima da família; depois, por cima do que resta da família; e, por último, do que resta da própria descendência? É tornar-se resistente, depois insensível e, por último, desumano? Grandes obras e grandes legados foram construídos com uma certa dose de horror à humanidade? E, por causa disso, com uma grande dose de autodestruição no final? Essas e outras perguntas sem resposta não dão conta da complexidade do caráter do personagem de Daniel Day-Lewis. Uma grande conquista tem com "preço justo" perder a alma pelo caminho? Paul Thomas Anderson, que escreveu o roteiro, dirigiu e produziu o filme, já havia habilmente confundido o público com Magnolia, e já havia deixado o convencionalismo de lado em Boogie Nights. Paul "Little Miss Sunshine" Dano surpreende como negociador, depois como pastor e, por último, como oponente no derradeiro duelo contra Day-Lewis. (Reza a lenda que a participação de Dano seria breve, mas o ator escalado anteriormente para papel de pastor não agüentou os arroubos de Lewis, que encarnava Daniel Plainview dentro e fora do set.) A trilha é outro dos pontos altos, sendo Anderson um fã de Radiohead, tendo conseguido convidar ainda Jonny Greenwood para compor, e misturando tudo com Brahms e Arvo Pärt. Sangue Negro não é fácil de digerir — mas a vida também não é, e nem por isso desistimos.
>>> Sangue Negro
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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