Segunda-feira,
22/9/2008
Leif Ove Andsnes na Temporada 2008 do Mozarteum
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 383 >>>
Dante Pignatari, um dos mais rigorosos locutores da rádio Cultura FM, reverenciava, solenemente, Leif Ove Andsnes interpretando Schubert. Embora seja um "intérprete eloqüente" de uma variedade perturbadora de compositores, segundo o New York Times, Andsnes dedicou a Schubert uma série de CDs — desde as sonatas, a partir do início dos anos 2000, até o ciclo Winterreise, com Ian Bostridge (recentemente um de seus discos mais premiados). Norueguês, se notabilizou, igualmente, por ser um grande intérprete de Edvard Grieg — o herói de seu país, cujo centenário da morte mereceu, de Andsnes, um CD e um DVD. Sem medo das orquestras, encarou, freqüentemente, o desafio dos concertos para piano de Rachmaninoff, que enlouqueceram muitos performers (como mostra, literalmente, Geoffrey Rush no longa, mediano, Shine). E, como não poderia deixar de ser, Andsnes ainda leva jeito para a música de câmara, e registrou, nos últimos tempos, quintetos de Brahms e Schumann, ao lado do Artemis Quartet. Uma trajetória impressionante para quem nasceu em 1970, está há 15 anos sob a proteção da EMI, e tem uma agenda movimentada a ponto de fazer Glenn Gould desistir de abrir o piano só de espiar a lista, interminável, de grandes cidades. Brincadeiras à parte, é sempre um privilégio ter Leif Ove Andsnes entre nós — um artista com, ao mesmo tempo, "poder e personalidade", segundo o Financial Times. Desta vez, além do sempre inevitável Schubert (com a Sonata para piano no. 19, em dó menor, D 958), teremos a mais que conhecida Sonata para piano, em dó sustenido menor, op. 27, no. 2, "ao luar", de Ludwig van Beethoven. Completam o programa as peças de Quadros de uma exposição, de Modest Mussorgsky. E, depois de descobrir e redescobrir Leif Ove Andsnes nos especiais de Dante Pignatari, na Cultura FM, parece que ficamos esperando por ele muitos anos — mas ele, enfim, chegou.
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Julio Daio Borges
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