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Segunda-feira, 6/10/2008
Juno, de Diablo Cody

Julio Daio Borges




Digestivo nº 384 >>> Pôr em destaque a adolescência foi importante no final dos anos 80 e no início dos 90 — e está aí a comemoração do slogan do "primeiro sutiã", em livro, para confirmar —, pois era interessante "aparelhar" esse novo consumidor que então surgia. Agora, enfatizar essa fase, em plenos anos 2000, além de ser notícia velha de jornal (pleonasmo redundante?), congela a temática por mais uma década, sendo que esse veio já se esgotou faz anos. Juno, consagrado como "independente", é um tipo de filme que insiste nesse cacoete — como direi? — "adolescente", sem nenhuma novidade, ainda mais no país das meninas-mães, com uma protagonista estilo Mafalda (mais antiga que os mesmos anos 80) e com um coadjuvante estilo Beavis & Butt-Head ou, pior, Wayne's World (e, aqui, vale o título, Quanto mais idiota, melhor...). Alguém precisaria avisar os distribuidores e, principalmente, os entusiastas da fita que a moda do VJ Thunderbird já passou (até para Globo), que a MTV virou commodity (até nos Estados Unidos) e que "a primeira transa" não é mais pauta nem na revista Capricho (a da "gatinha", miau). Como se não bastasse, Juno é um péssimo exemplo, colocando, em primeiro plano, uma família desestruturada (ou duas, ou três), onde fracassados, ou losers, reinam absolutos, deixando que uma adolescente — que não sabe nem por que ficou grávida, nem por que resolveu ter o bebê e nem por que decidiu dá-lo (depois) — comanda o show. Claro que adolescente nenhum segue o exemplo de ninguém (o que talvez, em Juno, seja bom — como contra-exemplo), mas os pais, muitas vezes, seguem, e as pedagogas e os psicólogos, igualmente, seguem. Não se trata, contudo, de moralismo — se Juno fosse um grande filme, tudo estaria perdoado, mas é apenas bobinho e não merece a atenção que tem recebido.
>>> Juno
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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