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Segunda-feira, 27/10/2008
Orquestra Sinfônica Tchaikovsky de Moscou

Julio Daio Borges




Digestivo nº 387 >>> Depois de Leiv Ove Andsnes tocando Quadros de uma exposição, de Modest Mussorgsky, ficou complicado superar as próprias expectativas e mesmo "competir", em termos de ponto alto da Temporada 2008, no Mozarteum Brasileiro... Mas a Sinfônica Tchaikovsky de Moscou chegou impressionando com seu tamanho e sua potência, encarando obras visadas como a Sétima de Beethoven e a Quinta de Tchaikovsky. Encarando também peças densas como a suíte sinfônica Shéhérazade, de Rimsky-Korsakov, e comparações trabalhosas entre a Abertura Romeu e Julieta, do mesmo Tchaikovsky, e a Suíte Romeu e Julieta, de Prokofiev. Vladimir Fedoseyev, há quase 35 anos à frente da orquestra, regeu de maneira detalhista e pormenorizada, mas talvez diminuindo excessivamente o andamento, focando em minúcias questionáveis e tornando o programa mais pesado e longo do que ele poderia ter soado nas mãos de um maestro com menos aparato. Se a orquestra brilhou em momentos-chave como o segundo movimento da Quinta de Tchaikovsky, provocou muitas chuvas e trovoadas, numa eloqüente demonstração de força (ou de pulso do regente), no início e no final da Shéhérazade de Korsakov. Se Mikhail Shestakov, como spalla, conseguia, ao mesmo tempo, "falar fino" como a própria Shéhérazade, depois dedilhando e também "castigando" o instrumento, contrapor-se elegantemente a uma orquestra que silenciava e embarcava num crescendo, havia um desejo anacrônico, por parte da direção, de subitamente demonstrar o poderio da antiga Sinfônica da Rádio de Moscou, ou mesmo da velha URSS. Não houve prejuízo para o público que saudou a performance de maneira apoteótica, mas a mesma Sala São Paulo já viu grandes orquestras mais equilibradas, como a Bamberger, em 2004, e a de Chicago, em 2000.
>>> Mozarteum Brasileiro
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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