Segunda-feira,
6/4/2009
Queime depois de ler, de Joel e Ethan Coen
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 410 >>>
Parece que os irmãos Cohen entraram em "ritmo de Woody Allen", depois de uma sequência de obras-primas que culminou com o super premiado Onde os fracos não têm vez. Ainda que bastante engraçado (de provocar dores de barriga), Queime depois de ler é uma reunião de superstars, que devem ter cobrado barato (ou não devem ter cobrado nada) pela honraria, atraindo suficiente público, mas sem um objetivo muito definido. Afinal, o longa começa sério, aparenta que vai ser trágico, mas cede a trejeitos caricaturais de histórias em quadrinhos e se entrega, finalmente, ao humor pastelão, apesar de todo o virtuosismo característico dos Coen. Joel e Ethan trabalharam no roteiro ao mesmo tempo em que compunham o filme anterior e, desta vez, não quiseram sair de perto da família, em Nova York, rodando a maior parte das cenas no Brooklyn. Brad Pitt, George Clooney e John Malkovich ficaram entre questionar a idiotice, pura e simples, de seus personagens (colocando em dúvida, inclusive, sua reputação) e elogiar a condução da dupla. O paralelo com Woody Allen faz sentido porque o diretor nova-iorquino, há muito, desistiu de lutar, quando a filmagem se encaminha para o riso fácil, liberando, ainda assim, uma obra de arte (Match Point) ou um momento de brilho (Vicky Cristina Barcelona), de vez em quando. A mensagem de que a paranoia norte-americana fez todo mundo, de repente, se sentir muito importante deveria ser invertida na raiz — afinal de contas, para o cinema americano (e periclitante) os Coen continuam decididamente importantes.
>>> Queime depois de ler
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Julio Daio Borges
Editor |
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