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Segunda-feira, 11/5/2009
Salvador (Puig Antich), de Manuel Huerga

Julio Daio Borges




Digestivo nº 415 >>> Para quem se cansou de assistir a filmes brasileiros sobre os recentes anos de chumbo, uma alternativa é Salvador, dirigido por Manuel Huerga... sobre os "anos de chumbo"... na Espanha — ou sobre a resistência à ditadura de Francisco Franco, nos anos 70, na Catalunha, mais precisamente em Barcelona. O longa, baseado no livro de Francesc Escribano, sobre Salvador Puig Antich, refaz a trajetória do jovem anarquista, que, depois do Maio de 68 na França, optou pela clandestinidade, virou motorista em assaltos a banco (para subsidiar as atividades do grupo MIL, Movimiento Ibérico de Liberación), terminou capturado numa emboscada da polícia, envolveu-se num tiroteio, acabou preso e condenado à pena capital pela morte de um guarda-civil. Salvador morreu aos 25 anos, em 1974, executado pelo "garrote", um instrumento de tortura medieval — que, empurrando uma barra de ferro contra a nuca do condenado, rompe sua coluna e, previsivelmente, causa morte cerebral (não instantânea). A reconstituição do episódio, que causou protestos no país e fora dele (na época), foi considerada melodramática em tela grande. Mas é certo que a cena da execução — numa adaptação que, nos demais momentos, lembra a estética de O que é isso, companheiro? — é uma das mais impressionantes dos últimos tempos. Embora radicais tenham reclamado de Salvador, e seus companheiros, serem retratados como "playboys", sem que explicações maiores sejam dadas sobre o uso da violência, Cannes aprovou e Salvador, por mais que falhe historicamente, funciona como um libelo contra a pena de morte. Talvez filmes sobre ditaduras, assim como filmes sobre o holocausto, sirvam para nos lembrar, periodicamente, sobre alguns horrores que, nem em tom de piada, deveriam voltar.
>>> Salvador (Puig Antich)
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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