Quarta-feira,
3/6/2009
Trauma, de Ana Maria Rudge
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 418 >>>
Dentro da coleção "Psicanálise Passo-a-Passo", da Jorge Zahar, Ana Maria Rudge lançou um volume inteiro dedicado ao trauma. "Trauma" vem do grego e, em sua língua de origem, significa "ferida". Conforme enuncia Ana Maria Rudge, o trauma designa "um acontecimento que rompe radicalmente com um estado de coisas", "provocando um desarranjo nas formas habituais de compreensão" e "impondo um árduo trabalho de construção de uma nova ordem do mundo". Ana Maria Rudge aproveita a oportunidade para fazer uma verdadeira "genealogia" do trauma, partindo de suas origens, em associação com a histeria, coincidindo, obviamente, com a gênese da psicoterapia, incluindo sua manifestação involuntária, ao lado do sentimento de angústia, e finalmente seu tratamento, através da lembrança deliberada e da plena expressão de emoções outrora reprimidas. O trauma é inevitável. Pois as emoções provocadas por acontecimentos potencialmente traumáticos nem sempre podem ser expressas adequadamente e na hora mais apropriada. Esses sentimentos reprimidos, por não terem se esgotado, podem voltar, a qualquer momento, provocando angústia e resultados até neuróticos. Esse sofrimento pode ser interpretado, inclusive, como castigo, proporcionando alívio momentâneo da culpa (no traumatizado) — mas a psicanálise quer romper com a chamada "compulsão à repetição" e libertar o indivíduo de sua dor, levando-o a outro estágio em sua evolução pessoal. Trauma, de Ana Maria Rudge, trata desse e de outros fenômenos, revelando como conhecemos pouco de nossos próprios comportamentos e como Freud abriu apenas a primeira porta nessa direção...
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Julio Daio Borges
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