Quarta-feira,
15/7/2009
Jorge Drexler, no Bourbon Street, em 2009
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 424 >>>
Às vezes lamentamos a perda da conexão com a América Latina, que tínhamos mais forte, aparentemente, nos anos 60 e 70, época de utopias, antes da globalização. Mas Jorge Drexler vem e percebemos que o cancioneiro latino-americano, pelo menos, ainda está nos nossos corações. Ou Jorge é tão carismático que retoma, sozinho, aquela ligação perdida, com suas interpretações... É possível. Tanto que, no Rio, para o mesmo show, foram prestigiá-lo Milton Nascimento e Zélia Duncan, entre outros. Em São Paulo, Jorge evocou, novamente, Caetano Veloso, com sua versão de "Sampa", em espanhol, dedicada a uruguaios perdidos na megalópole — mas o autor do blog Obra em Progresso não se dignou a aparecer... Nesta etapa da turnê, Jorge Drexler não se prende muito ao script — parece cansado dele —, preferindo, às vezes, dar chance à plateia, a fim de que ela peça suas músicas. Num dessas, alguém soltou "Billie Jean" e surpreendentemente colou. Jorge havia feito uma homenagem a Michael Jackson no México, então ainda se lembrou de entoar o refrão, em ritmo de milonga, dando um gostinho de sua releitura. Cara B e Cara C compareceram, quase inteiros, mas Drexler estava mais para o making-of, explicando seus efeitos sonoros, mostrando samples e revelando segredos dos músicos. Como a turnê se aproxima do final, Jorge Drexler toma a liberdade de desconstruí-la. Rende muito mais "ao vivo" do que no estúdio e mereceu, vale repetir, o Oscar pela trilha de Diários de Motocicleta (embora o Oscar quase nunca seja justo...). Que o Bourbon Street faça dele uma atração, anual, permanente, como John Pizzarelli em outros anos.
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Julio Daio Borges
Editor |
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