Quarta-feira,
11/4/2001
Civilisação, Sciencia, Artes, e Modas Européas
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 27 >>>
Foi reeditado, em grosso volume fac-similar, pela Unesp, um dos semanários humouristicos mais importantes do século XIX, e da imprensa paulista: o "Cabrião". Inspirado na personagem do romance-folhetim de Joseph Marie Sue ("Os Mistérios de Paris"), o "Cabrion", em sua acepção, encarnava o hebdomadário "malvado e inoportuno, que veio para fazer pirraça e aperrear". Não deixou impunes os grandes nomes da "política conservadora" de seu tempo, os defensores do clericarismo (mais notadamente os jesuítas), sem mencionar às críticas aos horrores e às arbitrariedades cometidos durante a Guerra do Paraguai. Escrito num estilo de beleza irreprensível, finamente ilustrado (como poucos periódicos o foram depois), e distintamente agudo (no retrato dos costumes e das idéias paulistas), o Cabrião já mereceria reconhecimento e republicação apenas pelo seu valor intrínseco. Como se isso tudo não bastasse, tem entre seus fundadores: Ângelo Agostini, o mesmo artista da "Revista Ilustrada" e da "Semana Ilustrada" (uma espécie Daumier dos Trópicos); Américo de Campos que, junto a Rangel Pestana, trouxe ao mundo o jornal "A Província de São Paulo" (que, com o fim da monarquia, viria a ser "O Estado de S. Paulo"); e Antônio Manoel dos Reis que, agitador da Academia do Largo de São Francisco, mereceu, ainda estudante, ataques furiosos de Fagundes Varela.
>>> "Cabrião" - Agostini, Campos e Reis - 408 págs. - Ed. Unesp
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Julio Daio Borges
Editor |
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