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Segunda-feira, 21/12/2009
As 48 Leis do Poder, por Robert Greene

Julio Daio Borges




Digestivo nº 446 >>> Numa época de estímulo à democracia e de fragmentação crescente do poder — de pequenos grupos até simples indivíduos —, o poder, absoluto, continua importando? Não é uma questão diretamente respondida por Robert Greene, em seu As 48 Leis do Poder, mas, lendo nas entrelinhas, encontramos a resposta. Greene acredita que as relações de poder, em qualquer tempo, não mudam. Ganhar poder, saber administrá-lo e, sobretudo, nunca perdê-lo são estratégias importantes sempre. E, para sobreviver na selva de poderosos até impotentes, Greene consolidou suas 48 Leis — que nada mais são que o fruto da leitura de mestres como Maquiavel, Sun Tzu e Carl Von Clausewitz. A edição compacta, em formato de bolso, oferece algumas páginas sobre cada "lei", ilustradas com citações, exemplos e parábolas. Em termos de consumo, o volume poderia ser digerido "em uma sentada", como se diz — mas algumas mensagens, mais densas, exigem reflexão de horas e, às vezes, dias. Algumas das Leis de Greene são: "Não confie demais nos amigos"; "Oculte suas intenções"; "Vença por suas atitudes"; "Ao pedir ajuda, apele para o egoísmo das pessoas"; e "Aniquile totalmente o inimigo". Numa época de correção política, quando todos subitamente ficaram bonzinhos, e num ambiente onde a diferenciação social foi para o espaço (ou, melhor dizendo, ciberespaço), essas "leis" parecem meio fora de lugar — mas, surpreendentemente, muitas ainda vigoram, pois quem prega a nobreza de intenções, hoje, nem sempre a pratica. Seguem as Leis: "Cultive uma atmosfera de imprevisibilidade"; "Não ofenda a pessoa errada"; "Concentre suas forças"; "Controle as opções"; e "Seja aristocrático". Algumas parecem contraditórias, porque autoconfiança, em princípio, não combina com humildade, digamos assim, mas talvez as "leis" devam ser aplicadas caso a caso. Em geral, Greene é maquiavélico até a medula, combinado, se possível, com uma observação astuta de Voltaire: "Se Maquiavel tivesse tido um príncipe como discípulo, a primeira coisa que teria lhe recomendado era escrever um livro contra o maquiavelismo". Mais algumas Leis de Greene: "Saiba o tempo certo"; "Ignorar é a melhor vingança"; "Nunca mude muita coisa"; "Aprenda a parar"; e "Evite ter uma forma definida". Como toda habilidosa formulação, As 48 Leis do Poder pode ter um efeito revelador logo no início, mas que tende a se dispersar quando, progressivamente, cai em domínio público. As "leis" valem, portanto, pelo que têm de mais chocante, desumano e mesmo inadmissível.
>>> As 48 Leis do Poder
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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