Quarta-feira,
17/2/2010
O tal Baile do Simonal, em DVD
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 454 >>>
Conforme previsto, tanto o documentário Ninguém sabe o duro que dei (de Cláudio Manoel) quanto a biografia Nem vem que não tem (de Ricardo Alexandre) estão promovendo, desde o ano passado, um revival de Wilson Simonal. Evidentemente, o "ano Simonal" coincidiu com uma entressafra nas carreiras de seus filhos, Max de Castro e Wilson Simoninha, que vêm orquestrando iniciativas como este Baile do Simonal (agora em DVD). O ocaso da gravadora Trama — que tentou lançá-los nacionalmente, na década dos 2000 — permitiu que Max e Simoninha saíssem do guarda-chuva de João Marcelo Bôscoli e André Szajman e assumissem um projeto com maior identidade. O Baile do Simonal atende à necessidade de "releitura" do repertório de Wilson Simonal, que, além de ter ficado "fora de catálogo" na era do CD, acabou desconhecido pelas novas gerações. É chocante observar — no show que deu origem a este DVD — que maioria dos artistas, mesmo os veteranos, têm de recorrer ao teleprompter, uma vez que as letras caíram no oblívio, ainda que as melodias sejam reconhecíveis... Por ser uma iniciativa da gravadora EMI, duas ausências, no mínimo, são notáveis: Jorge Ben Jor (mesmo que, segundo o livro de Alexandre, tenha virado as costas para Simonal nos anos 90); e Marcos Sacramento (o único que poderia reproduzir, fielmente, o swing original — porque os mais velhos não têm voz e os mais novos, simplesmente, não sabem como...). Lulu Santos abre com uma gravação, em estúdio, de "Zazueira". Parece OK, mas melhor é o seu depoimento, articulado, no making of. Seu Jorge não parece sóbrio em "País Tropical" e, portanto, não acrescenta nada ao clássico. Samuel Rosa está, igualmente, OK, com "Carango", e, ainda, Fernanda Abreu, com "A Tonga da Mironga do Kabuletê". Max de Castro deveria ter evitado "Meu Limão, Meu Limoeiro", que soa quase afônica na comparação. Diogo Nogueira, por seu lado, surpreende em "Está Chegando a Hora". Roberto Frejat vence pela simplicidade, na radiofônica "Vesti Azul". E Maria Rita alcança um dos pontos altos com "Que Maravilha" (embora continue não sabendo se vestir, como diria Paulo Francis). Os Paralamas soam dispensáveis, apesar do esforço no gogó, assim como Sandrá de Sá. A Orquestra Imperial ataca de "clown" e Ed Motta — que posa sempre de connaisseur — quase não interage com a plateia para não se perder na letra (boba) de "Lobo Bobo". Caetano Veloso, pós-separação de Paula Lavigne, surge inacreditavelmente humilde, para cantar a sua "Remelexo". O resto não merece comentário. Se o resultado do Baile é mais de "baixos" que de "altos" — principalmente se formos comparar com as versões originais —, o making of talvez justifique a aquisição do DVD, pelos depoimentos nos ensaios. Simonal termina, novamente, injustiçado: pela decadência das "novas" vozes da música brasileira (que não o conheceram e que, desgraçadamente, não puderam ser influenciadas por ele).
>>> O Baile do Simonal
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Julio Daio Borges
Editor |
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