Sexta-feira,
19/3/2010
What Would Google Do? ou O que o Google faria?, por Jeff Jarvis
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 458 >>>
Jeff Jarvis ficou, recentemente, conhecido por cunhar uma das máximas da internet na era da explosão de conteúdo: "Faça apenas o que você faz melhor — e linque para todo o resto". Num momento em que muita gente optou por reinventar a roda, produzindo o mesmo conteúdo que outras pessoas já produzem, Jeff Jarvis veio a calhar. Mas o que nem todo mundo sabe é que a frase está contida no livro What Would Google Do? (ou, em tradução direta, "O que o Google faria?"), que saiu num ano de crise e que não teve a recepção merecida. Quando o Google começou sua ascensão — nos anos pós-bolha —, ninguém queria ouvir falar de empresas de internet. Mas quando o Google se transformou na "empresa que cresceu mais rápido na história", todos queriam saber o que acontecia lá dentro. (Mais ou menos — em termos de pessoa física — o que ocorre agora com Steve Jobs.) E dá-lhe livros sobre... O primeiro, antes da consagração, foi o de John Battelle. Vieram outros, nem tão interessantes assim. O de Jeff Jarvis vale a pena ser lido porque não tenta contar a história, pela enésima vez, mas sugere um exercício que todos deveríamos fazer (dentro da internet): "O que o Google faria (se fosse eu)?" Ou, por outra: "Como o Google resolveria esse (meu) problema?". Jarvis advoga que ter o "approach Google" pode ajudar a sua iniciativa na internet a crescer e prosperar, seja ela uma empresa, um site ou um blog. Entre o que caracteriza o "jeito Google" de fazer as coisas, Jarvis destaca em WWGD?: "Dê às pessoas (aos seus usuários) controle"; "Seu pior cliente é (na verdade) seu melhor amigo"; "E seu melhor cliente é seu parceiro". Ainda: "Faça parte de uma rede" (pense "em rede", afinal você está na internet!); "Seja uma plataforma" (não resolva os problemas "no varejo" e, sim, "no atacado"); e "Pense de maneira distribuída" (como disse um editor da New Yorker na Flip, "o mundo não é mais monolítico". Para completar: "Se você não estiver nos resultados dos mecanismos de busca, (na internet) você não existe"; "Seus clientes (agora) são a sua agência de propaganda"; e "Pequeno é o novo grande" (ou o novo mainstream é, justamente, o underground). E para encerrar: "Bem-vindo à economia pós-escassez" (onde tudo nasce excessivo); "O mercado e a mídia 'de massas' estão condenados" (alguém duvida?); e, finalmente, "o Google 'comoditiza' tudo" (desde jornalistas até intermediários ou middlemen). Resumindo a ópera: antes que o Google entre no seu negócio (e acabe com ele), pense como o Google agora, e sobreviva. Jeff Jarvis, como se não bastasse, dedica capítulos inteiros a especular como seria se o Google entrasse em vários negócios estabelecidos, desde mídia até alimentos & bebidas, passando por energia, telefonia, mercado imobiliário e bancos. Sendo jornalista, Jarvis não entende tanto de economia e negócios (quanto entende de mídia), mas suas especulações, em geral, são bem-vindas. O fato de o livro ter desembarcado no Brasil este ano — pós-crise —, talvez dê a WWGD?, e a Jeff Jarvis, a oportunidade merecida (e, em 2009, infelizmente perdida)...
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Julio Daio Borges
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