Terça-feira,
3/8/2010
Jorge Drexler, em Amar la Trama, o show na Via Funchal
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 468 >>>
Jorge Drexler não cabia em si de alegria por ter, pela primeira vez no Brasil, desembarcado com sua banda completa, nem que fosse para um única apresentação, na Via Funchal. Das outras vezes, o músico uruguaio havia passado pelo Bourbon Street, na formação de trio, basicamente conduzindo o show com suas "guitarra y voz" (como, aliás, cantou). E Amar la Trama, a turnê atual, de fato exigia mais infraestrutura, com arranjos para banda, e uma presença, indispensável, de sopros. Em termos de performance, no entanto, o grupo todo no palco, e talvez o nervosismo de se apresentar para uma plateia tão grande, engessaram Drexler até, mais ou menos, a metade do setlist. O músico e seu conjunto não decepcionaram, abrindo com versões corretas para "Una canción me trajo hasta aquí" e "3000 millones de latidos", mas soaram um tanto quanto protocolares e só começaram a "se soltar" quando, justamente, Drexler reassumiu seu violão e até improvisou um momento de intimidade, lixando as próprias unhas. "Sampa", traduzida e em ritmo de tango, comoveu, mais uma vez, os incautos (é um truque que Jorge Drexler usa para saber quantos novatos há na plateia). O ápice da ovação, contudo, teve lugar quando o músico uruguaio anunciou a participação de um compositor brasileiro, que muito admirava, e cujo disco ouvira durante todo o ano passado... — e todo mundo assoprou "Caetano Veloso", "Milton Nascimento", "Arnaldo Antunes", "Paulo Moska"... Eis que surge, para o deleite das novas gerações, Marcelo Camelo, sem Mallu Magalhães, pós-Los Hermanos. Jorge Drexler, então, prestou tributo à música brasileira, que tanto o influenciou, entoando "Doce Solidão" (inclusive o "tchu-tchu-tchu-tchu-tchu"), deixando a segunda entrada para o próprio autor da canção. O show ainda teve as sempre pedidas "Todo se transforma" e "Soledad", e a música de trabalho "La trama y el desenlace". Ficou-se, porém, aguardando um retorno de Camelo no bis (que não ocorreu). E saiu-se especulando se eles iriam direto para o Genésio ou se a parceria, de repente, renderia participação no segundo álbum de Camelo (em fase de gravação). Jorge Drexler, afinal de contas, está em rota de colisão com a MPB e não espantaria nada se ele, subitamente, trocasse Madrid por São Paulo ou pelo Rio de Janeiro.
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Julio Daio Borges
Editor |
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