Terça-feira,
17/8/2010
Os primeiros volumes da Penguin Companhia
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 469 >>>
Depois de um primeiro teaser ainda no ano passado, a joint venture entre a Companhia das Letras e a britânica Penguin se tornou realidade, na época da Flip 2010, com o lançamento dos primeiros volumes da coleção. Ao contrário do formato pocket com capa dura — daquele Italo Calvino distribuído só para a imprensa em 2009 —, os livros vieram em formato normal, em brochura e com papel típico de edições econômicas. Sendo uma aposta direta nos clássicos, o primeiro e mais chamativo é o volume de O Príncipe, de Maquiavel. O prefácio de Fernando Henrique Cardoso, muito anunciado, não tem nada de prático (é o sociólogo, e não o presidente, falando) e não combina, infelizmente, com Maquiavel (nada teórico) — mas a apresentação de Anthony Grafton compensa tudo, embora a nova tradução talvez não seja superior à (clássica) da Martins Fontes. Evaldo Cabral de Mello deve ter entrado, na coleção, como o maior historiador brasileiro em atividade (algo difícil de se contestar). Seu volume, no entanto, soa um pouco acadêmico para ter, justamente, um apelo popular. Cabral de Mello acerta mais no terceiro volume da coleção, dedicado aos escritos de Joaquim Nabuco — com trechos de clássicos como O Abolicionismo, Minha Formação e Um estadista do Império. Henry James, com Pelos olhos de Maisie, o quarto volume, deve ter sido uma sugestão da Penguin, afinal não consta que ele seja igualmente um clássico no Brasil. O leitor brasileiro, contudo, não perde por esperar, com o anúncio dos Ensaios, de Montaigne, de As recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto, do Livro da vida, de Santa Teresa D'Ávila e de O amante de lady Chatterley, de D.H. Lawrence (entre outros) — para os próximos meses... (Ah, os livros da Penguin Companhia já saem, concomitantemente, em formato eletrônico.)
>>> Penguin Companhia das Letras
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Julio Daio Borges
Editor |
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