Quarta-feira,
2/2/2011
O Serafina, de Nova York, para São Paulo
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 476 >>>
Entre jovens amanhecidos "zapeando" em seus iPads, mesas cheias de mulheres independentes se confraternizando e amigos no último encontro antes do final de ano, ninguém poderia imaginar que o Serafina, que desembarcou na alameda Lorena em agosto, é um sucesso absoluto, tendo pago o investimento, sinalizando com outros futuros. A fórmula nunca é simples — se é que ela existe — mas, no caso do Serafina, a receita para funcionar tão bem parece ainda mais um enigma. A presença feminina, no coração dos Jardins, talvez explique muita coisa. O assessor nos informa que o cardápio é predominantemente "feminino", com massas e saladas. Mas não basta. Ficamos sabendo, ainda, que a entrada é convidativa, com mesas se estendendo até a calçada, numa sugestão de bar, "praia de paulista"? Mais adiante, poderíamos arriscar, a atmosfera de Comer, Rezar, Amar, com Julia Roberts podendo desembarcar a qualquer instante, na companhia de Javier Barden. O Serafina não é tão implacável quanto uma cena de Sex and the City, com mulheres duronas, sobrevivendo às agruras da solteirice. É — como talvez se deva conceder ao mesmo assessor — "feminino", colorido, "florido", cheio de vida. Um restaurante da moda? Provavelmente, sim. Mas a verdade é que ter "personalidade" em excesso também cansa. De modo que podemos estar caminhando para uma gastronomia menos "artística", sob o domínio dos todo-poderosos chefs, e a obrigatoriedade de se submeter às suas criações mais estapafúrdias. De repente, queremos a experiência de uma boa massa, sem transgressões, uma salada, sem reinvenções, e uma sobremesa, sem vapores, escumas, transubstanciações. Queremos um restaurante! É pedir muito? O Serafina nasceu, em Nova York, de uma promessa, de dois velejadores, que se viram presos numa tempestade. Completou 15 anos em 2010 e, além de São Paulo, tem filiais na Philadelfia e no balneário de Hamptons. Na nossa capital, ocupa um casarão de 1908, está sob o comando do chef Ricardo di Camargo, pertencendo aos brasileiros Marcelo Alcântara, Rubens Zogbi e Paulo Torre, e ao italiano Davide Bernacca. Nos Estados Unidos, além de Leonardo DiCaprio e Tom Cruise, Hillary Clinton é uma das frequentadoras mais assíduas. Não espantaria, portanto, se Dilma, um dia, sequestrasse a indefectível Secretária de Estado dos EUA e juntas, no Serafina, fossem conversar sobre as boas coisas da vida...
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Julio Daio Borges
Editor |
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