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Quarta-feira, 6/6/2001
Alguma coisa de sensacional para se ler no trem

Julio Daio Borges




Digestivo nº 35 >>> Bem-vindo ao mundo dos "blogs", diários virtuais em que os internautas se abrem e palpitam sobre os acontecimentos. Mas o que vem a ser um "diário virtual", se a beleza dessa prática adolescente está justamente em se revelar para um caderno que ninguém vai ler? A mídia, e o desejo iminente de conquistá-la, subjugou até mesmo os antigos rebeldes, que se esparramavam em sentimentos fortes e agudos o suficiente para querê-los escondidos da platéia. A urgência da tecnologia, e da internet, vai acabar de acabar com essas iniciativas que só têm importância (como leitura, como "produto") quando apreciadas depois de um certo tempo. Um diário - de verdade - só tem sentido para quem o escreveu; ou, então (se o sujeito for um escritor mesmo), para uma audiência literária, depois que ele morrer. Mas nem só de pretensões elevadas (ou volúveis) vivem os "blogs". A internet abriu espaço para um tremendo exercício de diletantismo, como nunca houve. Quase que só amadores derramam-se em pontos-de-vista e opiniões, em HTML, como se fizessem pronunciamentos para um Maracanã lotado. Talentos vêm despontando, e o gosto pela leitura, aumentando - espera-se. Mas permanece, todavia, o enigma: o que significa ter um leitor que interage (em tempo real), e quais são implicações disso para a boa e velha Literatura?
>>> http://www.blogger.com
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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