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Quarta-feira, 20/6/2001
Asno que me leve, quero, e não cavalo folião

Julio Daio Borges




Digestivo nº 37 >>> A Farsa de Inês Pereira, clássico de Gil Vicente, está sendo encenada no Tusp, da Rua Maria Antônia. Numa montagem colorida e musicada, os atores dançam, tocam e cantam o texto adaptado por Décio de Almeida Prado. O português das frases invertidas, do vocabulário poético, dos verbetes de séculos atrás, pode confundir a cabeça de início, mas nada que uma mente mais atenta não consiga acompanhar, à medida que a trama se desenrola. A história continua atual, pois, mesmo no século XXI, as mulheres interesseiras e casamenteiras grassam pelas ruas e cidades. Para quem não conhece, Inês, cansada de viver e de ser explorada pela mãe, procura se libertar pelo matrimônio; deixa-se seduzir por um cavaleiro belo, astucioso e charmoso, mas que, depois das bodas, submete a donzela a suas ordens e caprichos; morre na guerra, porém, permitindo Inês que faça sua escolha novamente; desta vez, ela pula em cima de um manso, acaipirado, que, apesar de não ser um galã de cinema, pode ser domesticado a gosto. Eis a moral da história: mais vale um asno que me carregue do que um cavalo que me derrube. O elenco está bastante afiado e, apesar de jovem, dá gosto assistir e se divertir com as idas e vindas da protagonista. Gil Vicente ainda tem muito o que ensinar.
>>> Tusp - Rua Maria Antônia, 231 - Tels.: 255-7182 e 259-8342
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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