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Quarta-feira, 27/6/2001
Hoje eu quero jantar bem

Julio Daio Borges




Digestivo nº 38 >>> Ed Motta esteve no Ensaio, de Fernando Faro, na TV Cultura. Aguardava-se mais menções ao seu tio de ouvido absoluto, Tim Maia. Porém, praticamente, não houve. Ed Motta segue a tradição dos grandes cantores que o Brasil nunca teve. Segundo ele, uma linha evolutiva que pode ter começado com Johnny Alf. (João Gilberto, jamais.) Ed se espelha, e leva adiante, os reis do vozeirão, que se concentram nos graves, mas que percorrem escalas de longo alcance, dando direito a certo virtuosismo e, por que não dizer?, a um requinte quase ornamental. Como seu tio, Ed Motta é sensível a cada nuance de cada instrumento, podendo se incomodar, durante a execução, com erros mínimos ou imperfeições da aparelhagem técnica. De início, entricheirado nas fileiras da música americana, foi descobrir a música brasileira bem mais tarde. Mesmo assim, detém um conhecimento enciclopédico, como pouquíssimos críticos e músicos que professam a religião da MPB. Sua produção oscila entre os ritmos dançantes dos Anos 70 (que ultimamente tratou de reciclar, em seus Manuais Práticos, I e II), flertes ocasionais com os maiores letristas e instrumentistas do País (Aldir Blanc e Guinga, respectivamente), e uma inclinação acentuada pelas trilhas sonoras e pelas composições sem voz. Para aqueles que alimentam veleidades anti-comerciais, Ed Motta ensina que não há como "montar um restaurante em que só o dono tenha prazer em comer", é preciso diversificar os pratos. Num dia oferecem-se menus mais sofisticados, no outro, melhor ater-se ao trivial. Uma lição simples, mas não totalmente assimilada pelas artes brazucas.
>>> http://www.edmotta.com
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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