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Quarta-feira, 1/8/2001
No balanço dos anos

Julio Daio Borges




Digestivo nº 43 >>> É inegável o movimento de resgate que se inicia na música brasileira. Dentre o que se pode detectar, existe um esforço continuado de retomar a vertente "black", que emergiu a partir de nomes como Jorge Ben (Jor), Wilson Simonal e Tim Maia. São justamente os herdeiros deles que estão trabalhando para que as variantes do samba (rock e soul) retornem às paradas. Eis então que surge a gravadora Trama, no final dos Anos 90, praticamente um capítulo à parte na indústria fonográfica dos dias de hoje. Através dela se lançaram, Max de Castro e Wilson Simoninha, ambos filhos do intérprete de Meu Limão, Meu Limoeiro. O primeiro resolveu explorar uma batida mais original, reduzindo o andamento dos compassos, inserindo componentes da eletrônica moderna e evocando as canções faladas (quando não diretamente o "rap"). Já o segundo tratou de reciclar o próprio pai, adaptando-o e remasterizando-o de acordo às novas tecnologias, emulando-o com eficácia, no repertório, no suingue e na voz. Max de Castro é compositor, produtor e tem sido citado constantemente no circuito e nas publicações especializadas. Já Wilson Simoninha é basicamente cantor, embora também componha, trazendo para linha de frente autores consagrados (Moacir Santos, Johnny Alf) ou promessas para o século XXI (Jairzinho Oliveira, Cláudio Zoli). Não há (da parte deles) nenhum discurso que reivindique "cotas" para música eminentemente negra, mas sutilmente é para onde apontam seus trabalhos. Após análises, fica igualmente evidente a habilidade da Trama em lançar artistas que exploram o filão "cool", legando ao público produtos inteligentes mas consumíveis (que passam por entretenimento). Faltava ao pop nacional, essa capacidade de fundir experimentalismo e apelo popular. Ainda que não seja a geração da célebre Elenco (novamente, como quer Ed Motta), esse pessoal trouxe alternativas ao comercialismo desenfreado e, independentemente do estilo, tem de ter reconhecidos seus méritos.
>>> Trama
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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