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Quarta-feira, 12/9/2001
Lento y muy marcado

Julio Daio Borges




Digestivo nº 49 >>> O Duo Assad, composto pelos irmãos violonistas Sérgio e Odair, é praticamente desconhecido do grande público, no Brasil. Uma injustiça verdadeira, que se comete contra dois dos maiores embaixadores da música brasileira fora do País. A Warner Music parece que abriu os olhos para esse notável absurdo e resolveu lançar o Duo Assad também na sua "terra natal", como se comprova através do CD Sérgio And Odair Assad Play Piazzolla, já disponível nas prateleiras das lojas especializadas. Mas "Piazzolla"? - qualquer pessoa com o mínimo de ouvido deve se perguntar, complementando com a seguinte frase: - Piazzolla era argentino! Pois bem. No fundo, Piazzola e suas composições é só um motivo, um mote, para se explorar toda uma genealogia do violão brasileiro que, nesse disco, remonta à tradição hispânica (moura), de marcar o ritmo com batidas no corpo do instrumento, até o cromatismo e os arpejos de um chorinho sofisticado, lembrando Raphael Rabello. Dados os "limites", é de se supor o alcance quase infinito e o apuro técnico (possivelmente incomparável) da dupla em questão, trazendo rubor à face da grande maioria dos auto-proclamados "músicos" de MPB. Complementando os arranjos (de extremo bom gosto), juntam-se ao Duo Assad, um tocador de bandonéon (Marcelo Nisinman) e dois violinistas (Nadja Salerno-Sonnenberg, um sobrenome cheio de influências, e Fernando Suarez Paz, provavelmente um exemplar portenho). O álbum não é "easy listening", principalmente para quem não está acostumado aos compassos arrastados e aos cortes abruptos do último revolucionário do tango. De qualquer jeito, vale o esforço de compreensão e de concentração, pois não é todo dia que um compact disc desse naipe brota assim do chão (e da generosidade das grandes gravadoras, vale ressaltar).
>>> Warner Music
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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