Terça-feira,
25/9/2001
Amanhã, só faço o que eu quiser
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 51 >>>
Foi maldade o que os resenhistas fizeram com Roberto Frejat, que recentemente se aventurou em carreira solo. Dezesseis anos depois da saída de Cazuza do Barão Vermelho, a banda ameaça desabar. Não por falta de inspiração ou pela repetição incessante de fórmulas, mas sim porque os seus líderes (remanescentes) não se entendem desde 1998, ou antes. Guto Goffi gravou Puro Êxtase a contragosto, classificando o CD (posteriormente em entrevistas) como um dos piores da discografia do Barão. Dada a verve descontraída (leia-se não-roqueira) que Frejat pretende imprimir daqui pra frente, os dois resolveram se separar, por tempo indeterminado. Voltando aos críticos, parece que eles não perdoaram as incursões aboleradas do ex-parceiro de Cazuza em “Amor pra Recomeçar”. De fato, em algumas passagens (principalmente aquelas em outras línguas), ele soa como a mais pura cafonália “latin lover”. Mas isso não basta para compremeter definitivamente a obra. O disco tem pulso e batida forte, como em, por exemplo, “Som e Fúria”; o disco tem violões e o peso dos blues, como em, por exemplo, “Quando o amor era medo” e “Homem não chora”; e o disco tem seu pendor sociológico e intelectualóide (para quem gosta), como em, por exemplo, “Mão-de-Obra Ilegal” e “Ela”. Tem ainda Cazuza (“Você se parece com todo mundo”) e Marisa Monte (“No escuro e vendo”). Em resumo, não pode ser tão ruim quanto pintam. E realmente, ouvindo, não é. Frejat - aquele sujeito correto, sistemático, “low-profile” - está aprendendo a ser menos modesto e a se impor como personalidade. Enquanto isso, Guto Goffi prepara algo, em aparições relâmpago, nos bastidores. O fãs da banda, em princípio, não perderam nada.
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Julio Daio Borges
Editor |
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