Terça-feira,
6/11/2001
Inútil Paisagem
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 55 >>>
Sebastião Maia morreu meio de supetão e, brigado com a mídia, alguns de seus últimos discos não receberam a cobertura necessária. Foram relançados em CD, pela Paradoxx, e merecem ser redescobertos. Um deles é o álbum Bossa Nova, com músicas naquele estilo que todos sabem. Logicamente que não dá para fugir de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, mas Tim Maia procurou revisitar compositores e standards esquecidos, quando resolveu homenagear o gênero. Acontece que a sua voz extremamente grave, com notas longas, estendidas, condenaram-no à caricatura de “organista” solitário, que anima casamentos, bares e hotéis decadentes. Ele ressurge em releituras exemplares, de um fraseado (e de um inglês, quando é o caso) irretocável, cercado por instrumentistas corretíssimos, com bateria de Wilson das Neves e arranjos de Almir Chediak – mas não vai adiantar. Seus discos continuarão exibidos numa prateleira periférica de alguma loja mais popular. Pelo menos por causa de Folha de Papel (Sérgio Ricardo), Eu e a Brisa (Johnny Alf), e A Rã (João Donato e Caetano Veloso), Sebastião Maia já deveria ser alçado ao panteão dos grandes intérpretes de MPB pós-João Gilberto. Enquanto isso não acontece, não custa procurá-lo nas casas especializadas. A capa e o encarte (e até o preço) podem enganar, mas a música, não.
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Julio Daio Borges
Editor |
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