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Terça-feira, 18/12/2001
Quem não chora não mama

Julio Daio Borges




Digestivo nº 61 >>> O choro morreu. O choro não morreu. Há controvérsias. Não resta dúvida, porém, que um dos melhores discos do ano tenha sido o novo álbum de choros de Paulo Sérgio Santos: “Gargalhada”, pela Kuarup Discos. Virtuose, integrante do Quinteto Villa-Lobos desde os 16 anos, companheiro de Raphael Rabello, presença constante nos CDs de Guinga, esse clarinetista é hoje considerado o maior do Brasil. “Gargalhada” é a segunda incursão solo de Paulo Sérgio Santos, que já havia recebido o Prêmio Sharp por “Segura Ele”, de 1994. Se há sete anos, ele preferiu um passeio pelos nomes consagrados (como Pixinguinha e Villa-Lobos), neste ano ele estréia com três composições próprias, guardadas a sete chaves – e à altura de sua habilidade técnica. Uma delas, inclusive, é uma homenagem a Abel Ferreira, seu mestre e um dos primeiros a apontar sua grandiosidade. O músico é acompanhado ainda por Caio Márcio, seu filho de 19 anos, ao violão, e por Oscar Bolão, um percussionista de mão cheia. Complementam o repertório de “Gargalhada”, a faixa título (de Pixinguinha), “Bebê” (de Hermeto Pascoal), Nítido e Obscuro, Caiu do Céu e Canibailes (as três de Guinga), mais Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros, João Lyra e Maurício Carrilho. Não bastasse a beleza quase celestial da clarineta de Paulo Sérgio Santos, que já havia surpreendido a todos com a sua interpretação das Bachianas Brasileiras nº 5, o disco ainda funciona como uma injeção de alegria, devolvendo o orgulho da música contemporânea que se produz no País. Gargalhada sim, de satisfação.
>>> "Gargalhada" - Paulo Sérgio Santos - Kuarup Discos
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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