Sexta-feira,
21/12/2001
O Conselheiro também come (e bebe)
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 62 >>>
São Paulo não tem horizonte, e vamos nos acostumando a diminuir o alcance do nosso olhar – tantos os edifícios, tantas as paredes, tantos os espaços exíguos. Assim sendo, ao encontrar um lugar que se possa esparramar a vista, regozijamo-nos como se houvesse algo mais no ar. Não há. É apenas a possibilidade de enxergar à distância e de perder os objetos de vista. Para isso talvez sirvam os parques, os jardins e as praças. Na Panamericana, por exemplo, é possível ver ao longe, embora o trânsito e a pressa dos motoristas roubem toda a poesia de quem tenta alcançá-la. Um dos restaurantes mais tradicionais da Praça Panamericana é o Senzala. Ele costumava dividir o ponto com a lanchonete, do outro lado da rua, mas com a reforma desta, inverteu-se a hierarquia bruscamente. O Senzala Bar & Grill (novo nome de onde se servem sanduíches) é hoje uma casa deveras arejada, com pé-direito duplo ou triplo, com paredes envidraçadas, e com a estrutura toda em madeira. Não resta nem sombra da antiga construção: modesta, escura, seguindo o modelo dos primeiros estabelecimentos em que se comercializavam hambúrgueres. Hoje até o cardápio mudou um pouco. Complementando os consagrados beirutes, surgiram pratos rápidos, grelhados, saladas e até massas. Os garçons aumentaram, e andam rigorosamente uniformizados (foram igualmente reformulados). O movimento durante o almoço é grande, graças os escritórios, os universitários da USP, e os estudantes dos Santa Cruz. A comida é o fast-food antes do fast-food (leia-se McDonald’s e similares). Para se sentir novamente na adolescência, na juventude, na mocidade. E, escolhendo uma mesa na varanda: para olhar longe.
>>> Senzala Bar & Grill - Praça Panamericana,31 - Tel.: 3032-5518
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Julio Daio Borges
Editor |
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