Segunda-feira,
21/1/2002
Faster, Bigger and Better
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 65 >>>
O suplemento da Business Week, no jornal Valor, acaba de publicar uma reportagem de capa sobre a situação da ex-superpoderosa Cisco Systems, a corporação que, um dia, chegou a ser a mais valiosa do planeta. Trata-se de um quase dossiê investigativo, esmiuçando as manobras contábeis e o delírio coletivo que permitiu à empresa, por 43 meses consecutivos, superar as expectativas de Wall Street, atingindo um valor de mercado de US$ 430 bilhões e taxas de crescimento de 70% ao ano. Um dos ingredientes da fórmula mágica da Cisco, em plena “bolha”, envolvia a aquisição de pequenas e promissoras organizações de tecnologia, que já haviam arcado com custos e riscos de desenvolvimento. Nessa brincadeira, foram empenhados US$ 5,4 bilhões nos últimos 5 anos, inclusive em situações absurdas onde o dispêndio por funcionário (da organização adquirida) beirava os US$ 24 milhões. Desnecessário acrescentar que, tão logo o negócio era fechado, muitos dos “novos talentos” pulavam fora, deixando a Cisco a ver navios. Para não assustar seus acionistas com cifras desse porte, a megaempresa não registrava, em seus livros, os bilhões envolvendo “fusões e aquisições”, lançando-os como “pesquisa e desenvolvimento” – o que, no exercício subseqüente, resultaria em lucros ainda maiores, produzidos “a partir do nada” (leia-se a custo zero). E isso é só a ponta do iceberg. A cada fim de trimestre, para não frustrar as expectativas de Wall Street, caminhões eram carregados com o máximo possível de mercadorias que, contabilmente, eram registradas como “vendidas” – a fim de alcançar, até a meia-noite, o faturamento desejado. Não obstante, muita gente mantém a mesma fé na Cisco. A começar pelo CEO, no cargo há 7 anos, John Chambers. E a terminar pelo acionista (as ações do ex-gigante da tecnologia – apesar de tudo – equivalem a 95 vezes o lucro estimado para 2002). É o que se chama jogar alto. E pensar que o “nosso problema” é a Argentina.
>>> Cisco: o que há, além daquele barulho todo
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Julio Daio Borges
Editor |
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