Terça-feira,
29/1/2002
Pedacinhos do Céu
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 66 >>>
Colhendo impressões aqui e ali, acompanhando os últimos lançamentos, é possível apostar num “revival” do choro. Ou talvez na perenidade de um gênero que, para os verdadeiros músicos brasileiros, nunca morreu. Afora a deferência dos maiores instrumentistas do nosso tempo, o choro tem ressurgido em compilações, como a exemplar “Revivendo o Choro”, da já tradicional gravadora do Paraná. Recheado de registros históricos (de 1927 a 1953), o CD traz à baila “clássicos consagrados” e, por isso mesmo, nunca jamais ouvidos, como: “Magoada” (de João Pernambuco); “Os Pintinhos do Terreiro” (de Zequinha de Abreu); “Flamengo” (de Bonfiglio de Oliveira); “1 X 0” (de Pixinguinha); “Idalina” (de Donga); “Chorando Baixinho” (de Abel Ferreira); e “Odeon” (de Ernesto de Nazareth). Mais que uma coleção de antigos “sucessos”, o álbum se faz documento, pois contém as primeiras versões de muitas dessas pérolas, explicadas, uma a uma, pelas notas cuidadosas de Abel Cardoso Junior, em que enumera instrumentos e intérpretes. Ele aproveita para complementar as questões técnicas com passagens dos bastidores, esmiuçando esse ou aquele aspecto, ressaltando essa ou aquela particularidade, durante a execução. É recorrente a afirmação de que o brasileiro médio não tem memória. Certo, porém, seria dizer que ele, no fundo, não quer é se lembrar – dadas as valorosas demonstrações de quem trabalha, como a Revivendo, para resgatar, precisamente, o que se esqueceu. Os compositores de Brasileirinho, Tico-Tico no Fubá, Brejeiro e Carinhoso, dentre outros, agradecem. E também as “gentes” de agora, que poderão revisitá-los, sem intermediários, no original.
>>> Revivendo o Choro
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Julio Daio Borges
Editor |
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