Terça-feira,
19/2/2002
Nem sequer vacila ao abraçar o samba
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 69 >>>
Depois da fúria e da folia, para além das considerações do sambódromo, é hora de escutar o verdadeiro cancioneiro. Em 2001, o Ministério da Cultura, através da Ordem do Mérito Cultural, trouxe às lojas o CD “Clássicos do Samba”, pela Gravadora Eldorado. O disco reúne, como o próprio nome diz, a fina flor das escolas Império Serrano, Portela, Vila Isabel e Mangueira. Mas não sambas-enredo e nem todo aquele alarido da Marquês de Sapucaí. Traz, ao contrário, obras consagradas, de autores como Dona Ivone Lara, Candeia, Jamelão, Paulo César Pinheiro, Noel Rosa, Martinho da Vila, Cartola e Paulinho da Viola, na interpretação dos próprios (ou de Eliane Faria), acompanhados pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, e escoltados pelas Velhas Guardas da Portela e da Mangueira. É a voz do morro, em arranjos sofisticados, e em noite de gala. O repertório é extremamente acessível e não requer que se conheça toda uma genealogia do samba. Foram incluídas, por exemplo, “Preciso me Encontrar” e “Esta Melodia”, que a mainstream Marisa Monte converteu para o cool, respectivamente, em 1988 (no seu álbum homônimo, de estréia) e em 1994 (no cultuado “Cor de Rosa e Carvão”). Também “Piano na Mangueira”, da dupla Chico Buarque e Tom Jobim, gravada por ambos e, agora, entoada pelos graves de Jamelão. Igualmente, “Sonho Meu” (um êxito de Maria Bethânia) e “As Rosas não Falam” (composição imortal de Cartola). O projeto todo, assim como os arranjos, é de extremo bom gosto. Tipo exportação mesmo. Para se ter em casa, e para indicar a quem quer saber da boa música que já se fez no Brasil.
>>> Clássicos do Samba
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Julio Daio Borges
Editor |
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