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Terça-feira, 5/3/2002
Brothers gonna work it out

Julio Daio Borges




Digestivo nº 71 >>> Com a desintegração do Prodigy, os Chemical Brothers reinaram praticamente soberanos, no mainstream palaciano da música eletrônica. Dado o approach mais pop do atual “Come With Us”, CD lançado no Brasil ao final do ano passado, a dupla de DJs Tom Rowlands e Ed Sinions teve de encarar a concorrência de grupos egressos – quem diria – do rock. (O Radiohead, de “Kid A” e “Amnesiac”, é um exemplo de conjunto que abandonou as palhetas e baquetas em prol de displays e potenciômetros). Essa aproximação porém era de se esperar. Ao menos pelo lado dos Chemical Brothers, que já haviam flertado com integrantes do Oasis, do New Order e, mais recentemente, do The Verve. “Come With Us” faz jus ao legado de “Exit Planet Dust” (1995), “Dig Your Own Hole” (1997) e “Surrender” (1999), embora muita gente boa já veja sinais de acomodação e uma certa queda pelas fórmulas fáceis. Num primeiro sobrevôo, é sensível que a dupla ainda pulsa, que a grandiloqüência marca presença (violinos na abertura), e que a construção se sustenta ao longo de uma dúzia de incursões sonoras. Não é pouca coisa. A decadência, se imiscuída em alguma parte, todavia não se manifesta no quadro geral. Os Chemical Brothers ainda convencem e embalam corpos e cabeças pelo mundo. Estão mais melodiosos que rítmicos, mas isso não chega a ser um pecado. Nessa linha, são emblemáticas: “Star Guitar” (o título endossa o propósito harmônico); “My Elastic Eye” (emendando fagulhas de caixinha de música); “The Test” (genuinamente uma canção, por isso, vai ver, o nome). Talvez como disc-jóqueis eles tenham se cansado de montar quebra-cabeças, e tenham partido para um negócio mais complicado chamado “composição”. Quem torceu o nariz, que ouça mais uma vez. Quem nem sabe o que é, que ouça também.
>>> Come With Us - The Chemical Brothers
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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