Quinta-feira,
14/3/2002
You want the moon
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 73 >>>
Gentleman's Agreement (que pode ser traduzido por "Um Acordo entre Cavalheiros") e A Luz é Para Todos - nenhum dos dois títulos parece dar conta do filme estrelado por Gregory Peck e Dorothy McGuire, com direção de Elia Kazan. Não chega a ser tanto um problema com as palavras, e sim com o roteiro. Talvez soe como má vontade crítica, mas os gêneros "drama" e "romance" se misturam cansativamente, sem que o longa se decida finalmente por um deles. Ainda assim, esse trabalho recebeu três oscars em 1947 (filme, direção e atriz coadjuvante, para Celest Holm); portanto, merece uma análise. A história é a de um articulista que assume a difícil tarefa de escrever toda uma série sobre anti-seminismo, por encomenda da revista que recentemente o havia contratado. Phil Green (Gregory Peck) precisa ser aceito por seu empregador e, por isso, atravessa noites insones atrás de uma idéia luminosa. Descobre que a melhor forma de realizar a tarefa é fazer-se passar por judeu, vivendo o preoconceito na pele e registrando seu testemunho como repórter. Nesse ponto, porém, já havia se envolvido com Kathy Lacey (Dorothy McGuire); não por coincidência, a sobrinha de seu patrão. Daí em diante, leva a armação até as últimas conseqüências, encarnando um Phil Greenberg hipotético (atenção para o sufixo "berg"), envolvendo sua namorada e família. As represálias anti-semitas vêm aos borbotões, como era de se esperar; então Kathy, agora sua noiva, rompe com ele. Quando o mundo parecia desabar, a reportagem acaba e tudo volta ao "normal". Mais de 50 anos depois, não nos parece um desfecho brilhante. Anti-semitismo à parte, "A Luz é Para Todos" ilustra razoavelmente bem até onde um homem pode apoiar uma causa idealista. Mas é tudo. A mensagem que se tira é a de que platônicos somos todos, a diferença está em como cada um maneja as questões eminentemente práticas.
>>> Gentleman's Agreement
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Julio Daio Borges
Editor |
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